Trump cedeu e…mesmo assim não conseguiu. O auto proclamado exímio negociador acabou por ceder à ala mais radical dos conservadores no Senado, o Freedom Caucus, e eliminou da proposta para revogar e substituir o Obamacare a obrigatoriedade dos planos de saúde incluírem um pacote de benefícios básicos como apoio à maternidade, serviços de emergência e saúde mental, mas nem assim conseguiu apoio suficiente para avançar para uma votação, adiada para sexta-feira.

A informação foi confirmada por fonte oficial da Casa Branca, depois de um dia intenso de negociações. Apesar da pressão de Donald Trump e do líder da Câmara, o republicano Paul Ryan, o Presidente norte-americano não conseguiu convencer uma ala importante do partido a revogar o programa pensado por Barack Obama.

A ideia de revogar o Obamacare ser muito popular entre os conservadores. No entanto, a verdade é que a tarefa de o substituir nunca foi fácil. O próprio Donald Trump admitiu no Twitter que a legislação que regula o acesso à saúde era mais complicada do que pensava.

Durante a manhã, a Casa Branca ainda acedeu a algumas exigências da representação do Tea Party no Congresso, admitindo cortar os requisitos mínimos obrigatórios, como o acesso a apoio na maternidade, a serviços de emergência e apoio à saúde mental. O porta-voz da Casa Branca, na sua conferência de imprensa diária, mostrou-se confiante que a proposta iria ter ainda mais apoio do que quando surgiu, mas o resultado final não foi o esperado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Freedom Caucus contrariou a Casa Branca e disse que ainda não havia a acordo, e que as negociações continuavam. Sem o apoio necessário para conseguir fazer aprovar a proposta de lei, os líderes dos republicanos no Congresso informaram os republicanos que o voto iria ser adiado, algo que a Casa Branca confirmaria mais tarde.

A intervenção de Donald Trump na proposta da autoria dos republicanos na Câmara dos Representantes não permitiu chegar ao acordo que o líder da Câmara, o republicano Paul Ryan, esperaria. Os republicanos não podiam perder mais de 21 votos no Senado, mas só o Freedom Caucus tem 36 representantes, todos eles alinhados em torno de um objetivo: se não tivessem o que queriam, a proposta seria chumbada. Além destes, há ainda mais de uma dúzia de republicanos que não estão de acordo com o projeto e prometeram votar contra.

Segundo as contas da CNN, o dia acabou com pelo menos 26 republicanos dispostos a contrariar as intenções de Donald Trump. De resto, as negociações terão mesmo chegado a um ponto sem retorno, numa altura em que nenhuma das partes pretende ceder mais. Na sexta-feira logo se saberá que desfecho terá este braço-de-ferro.

Ainda antes deste desfecho, Sean Spices, porta-voz da Casa Branca, mostrava-se otimista. “Saímos [da reunião] com mais membros a apoiar hoje o American Health Care Act do que tínhamos quando começámos o dia. E eu vejo o número a subir de hora para hora. E antecipo que iremos chegar lá”, disse. Mas a esperança manifestada pela Casa Branca acabou por não se concretizar.

* Artigo atualizado às 21h20 com a confirmação de que a votação foi adiada para sexta-feira