O ecossistema empreendedor de Lisboa tem entre 200 e 300 startups que, juntas, valem 1,2 mil milhões de euros. “Isto não é uma moda. As startups são a génese do futuro”, notou Paulo Soeiro de Carvalho, diretor municipal de Economia e Inovação da Câmara de Lisboa, no lançamento da sexta edição da Semana do Empreendedorismo de Lisboa, esta terça-feira.
Segundo o relatório que a organização americana Startup Genome publicou no mês passado, cada startup em early-stage recebeu, em média, 184 mil euros (o valor é a soma das rondas de investimento seed e Série A, em 2014 e 2015). A organização tem como missão “aumentar a taxa de sucesso das startups e tornar esta revolução global, para que cada cidade participante tire benefícios da nova economia, através da criação de emprego e do crescimento económico”.
“Lisboa está no fundo da tabela, principalmente, por causa da sua infância. Não tem muitos exits (momento em que uma startup sai da esfera dos investidores de capital de risco para ser adquirida por outra ou entrar em bolsa) ou pessoas que já tiveram exits antes, mas o seu ranking de valorização ultrapassa os outros indicadores de desempenho, o seu investimento inicial está a crescer a um ritmo acelerado e o ecossistema está a integrar-se bem com o resto da Europa”, conclui o relatório.
A par de Jerusalém, Helsínquia e Estónia, Lisboa destaca-se pela ligação aos ecossistemas mais maduros e pela quantidade de startups que chega a clientes estrangeiros. As startups da capital têm mais de um terço de clientes estrangeiros (34%), 10 pontos percentuais (p.p.) a mais do que as de Barcelona, por exemplo, e 9 p.p. mais do que a média global. Juntamente com um forte desempenho no indicador da conectividade – Global Connectedness – , Lisboa está perto dos 20 primeiros da tabela, no que respeita ao acesso a mercados internacionais. Para Paulo de Carvalho, isso deveu-se, em grande parte, à Web Summit, que reuniu mais de 50 mil pessoas da comunidade tecnológica, em novembro. Este ano, o número pode subir para 60 mil pessoas, que vão ocupar a FIL e o Meo Arena, entre 6 e 9 de novembro.
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Não é um milagre. É o resultado diário do esforço, da inspiração e da transpiração de milhares de pessoas que formam o ecossistema empreendedor de Lisboa”, referiu Paulo de Carvalho.
Lisboa tem ainda a taxa mais elevada de mulheres fundadoras (17%) na Europa, apontando para “um crescimento inclusivo, o que poderá ser uma vantagem competitiva no futuro”, refere o estudo.
Relativamente à formação académica dos fundadores das startups, 82% têm mestrado ou doutoramento. O salário dos engenheiros de software que trabalham em empresas portuguesas ronda os 27 mil euros, por ano. A média global é de 45 mil euros.
Os números do ecossistema
Há quatro anos havia seis incubadoras na cidade. Hoje há 18, entre incubadoras e aceleradoras, e mais de 40 espaços de coworking. Em 2016, 475 startups estavam incubadas, gerando 3.164 postos de trabalho. Entre 2014 e 2016, foram criadas 700 empresas nos setores high-tech em Lisboa.
A sexta edição da Semana do Empreendedorismo arrancou esta terça-feira e decorre até 7 de maio, com mais de 40 eventos, de entrada livre, que vão juntar empreendedores e grandes empresas. A Câmara de Lisboa espera a presença de mais de cinco mil participantes em 30 locais da cidade.
Todos os dias nascem e morrem empresas, todos os dias há casos de falhanço. Somos pequenos, não temos unicórnios (startups avaliadas em mais de mil milhões de dólares), não temos empresas que foram vendidas por valores muito excecionalmente elevados, não temos empreendedores muito experientes, nem temos uma comunidade de investidores em capital de risco muito experiente. Mas isso não significa que não sejamos especiais. Somos um ecossistema muito bem conectado a uma escala global e temos um perfil de empreendedores muito qualificado, mais feminino e aberto a quem vem de outros sítios. Faz parte do nosso ADN”, considerou Paulo Soeiro da Costa.