A Mercedes-Benz escolheu Lisboa para abrir um centro de competências inovador, na área do digital, e vai contratar mais 115 pessoas, além das 10 que já estão empregadas. Chama-se Digital Delivery Hub e arrancou no início de maio para criar produtos de marketing digital e soluções tecnológicas para todo o mundo.
Depois da abertura do Network Assistance Center, no ano passado, em Portugal, este é o segundo centro de inteligência da Mercedes-Benz, que quer abrir “um novo capítulo da marca a partir de Lisboa”, ao querer ser mais do que uma fabricante automóvel e assumir-se como fornecedora líder do mercado de serviços de mobilidade.
“Temos tido um sucesso enorme em Portugal nos últimos anos. Vendemos 20 mil carros em Portugal, no ano passado. Somos líderes no segmento premium (segmento superior)”, referiu Marcus Breitschwerdt, responsável de vendas e marketing da Região da Europa da marca, na apresentação do evento, esta terça-feira, e que contou com as presenças do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.
“Construir carros já não é suficiente para o futuro”, notou Sabine Scheunert, vice-presidente Digital & IT Marketing/Vendas da marca. A tecnologia traz outros desafios. Os nossos concorrentes não são quem costumavam ser, sublinhou a responsável, acrescentando que “qualquer pessoa com um smartphone é um potencial cliente da Mercedes, em 2017 e no futuro”.
Os 115 postos de trabalho que vão ser criados “nos próximos meses” são, primordialmente, para programadores informáticos. Está online um anúncio, desde o último dia 5 de maio, onde a casa-mãe da Mercedes-Benz, a Daimler, procura programadores de front end e explica que a escolha da capital se explica porque “Lisboa está a tornar-se o sítio para se estar no mundo digital”, depois de iniciativas como a Web Summit e com a colaboração das autoridades que ajudaram a fundar este centro “com a mínima burocracia”.
Por isso, a marca alemã anunciou ainda que é um dos principais patrocinadores da Web Summit de 2017, que vai decorrer de 6 a 9 de novembro, na FIL, em Lisboa, onde são esperados 60 mil participantes. A fabricante alemã anunciou ainda que vai organizar uma hackathon (maratona de programação), associada ao evento, mas ainda sem data prevista de realização.
A Mercedes vem à procura do talento nacional, invertendo-se, assim, um ciclo em que os “melhores engenheiros [portugueses] tinham de emigrar para ter trabalho para um ciclo em que os melhores postos de trabalho chegam a Portugal para aproveitar os melhores engenheiros”, notou o primeiro-ministro, António Costa.
“A nossa visão de médio prazo para Portugal aponta precisamente para a necessidade de investir na qualificação e na inovação”, referiu António Costa, salientando a necessidade de Portugal ser um “país aberto ao investimento estrangeiro, à atração de talentos, ao cruzamento de culturas”.
O primeiro-ministro considerou ainda que “a maior reforma estrutural que o país fez foi quando há 20 anos decidiu investir na educação e que as engenharias e áreas tecnológicas eram a primeira prioridade”. E que esse caminho deve continuar, trabalhando na democratização do acesso ao pré-escolar, na aposta no sucesso educativo no ensino básico e secundário, e no alargamento da oferta de frequência do ensino superior e investir na ciência e nas competências digitais. Para isso, o primeiro-ministro relembrou o objetivo de “combater a infoexclusão de 50 mil pessoas até 2020” e de “reconverter em competências de programação 18 mil licenciados, sobretudo que estão em áreas de baixa empregabilidade”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, considerou o Digital Delivery Hub um “projeto especial, que marca um virar de página na cidade” e assumiu três compromissos: o de Lisboa “continuar a ser uma cidade que produz talento, através da investigação e da produção de quadros qualificados”, o de a câmara ser “um parceiro comprometido com o sucesso das empresas, pois não há cidade ou região bem-sucedida que não tenha uma atitude amiga do investimento” e o de “continuar a ser uma sociedade aberta e tolerante”.
O centro digital está, para já, instalado no espaço de cowork Second Home, no Cais do Sodré, mas em cima da mesa está a possibilidade de mudança para o Hub Criativo do Beato, em Marvila.
*Artigo atualizado às 15h43 com mais informação