“Houve erros muito significativos na Caixa Geral de Depósitos” e “seria lamentável que não houvesse os resultados da investigação que se disse que ia acontecer e que ficasse claro que responsabilidades foram, quem emprestou o quê a quem”, sublinha António Horta Osório, português que lidera o Lloyds Bank, que esta semana deixou de ter o Estado britânico como acionista. Em entrevista à TSF e Diário de Notícias, o banqueiro defende, também, o governador Carlos Costa, que “teve a coragem, naquela altura em que ninguém levantava a voz, apesar de alguns agora virem dizer que levantaram”, numa referência a Ricardo Salgado.

“Foi ele [Carlos Costa] que tomou medidas frontais no sentido de tentar limitar ao máximo os problemas que estavam a acontecer”, defende António Horta Osório. “Não foi possível evitar a queda do banco, mas penso que teve um papel fundamental em efetuar as mudanças que foram implementadas há cerca de três anos”. Esta é a visão do banqueiro português, que acrescenta que, apesar de a supervisão poder ter feito mais, “é sempre fácil dizer à segunda-feira o que é que a equipa que perdeu devia ter feito no domingo”. “Acho que o principal problema que aconteceu no BES é da responsabilidade de quem o geria”, atira o banqueiro.

Um banco que parece preocupar mais Horta Osório, nesta fase, é o banco público, onde o banqueiro defende que é preciso saber o que se passou nos últimos anos. “O dinheiro não é dos acionistas, é dos contribuintes e estes têm o direito de saber como é que o seu dinheiro e o seu banco foi utilizado e as pessoas devem ser responsáveis perante aquilo que fizeram”.

O governo tem tido uma grande habilidade política em termos de apoios na Assembleia da República para desenvolver as suas políticas, tem o enorme mérito de ter diminuído as tensões sociais no país e de ter aglutinado os portugueses dentro de um projeto menos crispado, e teve um enorme apoio do Presidente da República”.

António Horta Osório acrescenta, também, que tem visto com bons olhos as notícias sobre o crescimento económico em Portugal. Mas, a esse respeito, divide os elogios: António Costa “tem vindo a ter um desenvolvimento positivo que eu espero que continue”, mas “o trabalho que o Governo tem vindo a desenvolver foi facilitado pelo bom trabalho que o governo anterior desenvolveu”.

O governo anterior teve de enfrentar uma situação muito difícil que tinha herdado do executivo anterior. Teve de tomar medidas muito impopulares e eu disse várias vezes que se podia discutir a intensidade dessas medidas mas não a direção, era imperativo que o país estava à beira da falência. Um trabalho que foi árduo, ingrato mas bem feito e que possibilitou, e bem, ao governo atual capitalizar isso e continuar a ir na direção correta.”

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