A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) considera que a exposição de automóveis elétricos inaugurada esta quinta-feira, no Museu Nacional dos Coches, “constitui uma forma de sensibilizar o público para a importância de uma mobilidade sustentada”.

O Museu dos Coches, em Belém, apresenta, entre esta quinta-feira e domingo, a V Expo 2017 – Salão Internacional do Veículo Elétrico, Híbrido e da Mobilidade Inteligente, que colocou automóveis no interior da exposição permanente da instituição.

Numa nota de imprensa divulgada pela DGPC, a entidade sublinha que “tratando-se de viaturas não poluentes (…), esta iniciativa constitui uma forma de sensibilizar o público para a importância de uma mobilidade sustentada, um tema inscrito na agenda do governo português e internacionalmente reconhecido como prioritário”.

Para o museólogo Luís Raposo, presidente do Conselho Internacional de Museus – ICOM Europa, contactado pela Lusa, é “altamente imprópria” a apresentação de automóveis junto de viaturas históricas, numa exposição comercial.

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“É altamente impróprio a exposição de automóveis lado a lado com tesouros nacionais num museu”, comentou o responsável do ICOM, contactado pela agência Lusa.

Luís Raposo, presidente do ICOM-Europa, a maior organização internacional do setor dos museus, está totalmente “contra a mistura de marcas comerciais e venda de produtos comerciais no interior de exposições com peças dos museus”.

Para a DGPC, “a mostra dos carros elétricos em pleno espaço museográfico tem por objetivo acentuar o contraste entre a contemporaneidade e o passado, uma opção que não constitui novidade”.

Recorda que, ao longo dos anos, com o mesmo propósito, o Museu antigo (Picadeiro Real) foi pontualmente cedendo o seu espaço à exibição de novos modelos automóveis, “uma prática que sempre colheu enorme interesse por parte dos visitantes”.

Também a diretora do Museu Nacional dos Coches, Silvana Bessone, afirmou esta quinta-feira, contactada pela agência Lusa sobre a exposição, disse que estão garantidas as condições de segurança das viaturas históricas expostas, e “não houve qualquer queixa” dos visitantes sobre a apresentação de automóveis no interior.

“Não há nenhuma queixa de visitantes. Antes pelo contrário. De qualquer modo, é temporário”, acrescentou a diretora do museu, que reabriu ao público no fim de semana, com uma nova museografia.

Silvana Bessone indicou que “não há qualquer risco para as peças”, porque “as barreiras da museografia protegem os coches e impedem qualquer contacto, ao mesmo tempo que dão a informação necessária, interativa, em quatro línguas”.

De acordo com o Regulamento de Utilização de Espaços nos serviços dependentes da DGPC, aprovado no despacho n.º 8356/2014, é possível realizar nestes espaços outras atividades, além das visitas habituais, desde que “compatíveis com os seus valores histórico/patrimoniais”.

O documento indica ainda que compete à direção da DGPC decidir, após parecer dos serviços dependentes, “da oportunidade e interesse da cedência, bem como das respetivas condições a aplicar”, que se reserva o direito de não autorizar o aluguer ou a cedência de espaços.

Nos espaços cuja utilização seja autorizada, podem decorrer eventos de caráter social, académico, científico, cultural, comercial, empresarial, turístico ou promocional. Da mesma forma, contactado pela agência Lusa, o Ministério da Cultura não quis fazer comentários sobre a exposição de carros elétricos no Museu Nacional dos Coches.