A empresa de telecomunicações do Kuwait Zain Telecom quer aproveitar o Ramadão — mês sagrado para os muçulmanos, que começou na passada sexta-feira — para promover a tolerância religiosa e passar uma mensagem contra o extremismo religioso e o jihadismo. Num anúncio televisivo divulgado esta semana, a companhia árabe mostra um conjunto de muçulmanos a usarem a expressão Allahu Akbar (Deus é grande) para desarmar um extremista que se prepara para se fazer explodir.
O vídeo, de cerca de 3 minutos, começa com um homem a fabricar, manualmente, um explosivo, ao mesmo tempo que se mostram imagens alegres de crianças a brincar e de uma noiva a preparar-se para o casamento. Uma voz de criança vai dizendo, em off: “Vou contar tudo a Deus. Que vocês encheram os cemitérios com as nossas crianças e esvaziaram as nossas escolas. Que desencadearam o tumulto e levaram as nossas ruas para a escuridão. E que mentiram. Deus conhece completamente os segredos de todos os corações.”
Depois de preparada a bomba, o atacante sobe para um autocarro onde estão vítimas de antigos ataques terroristas, que o desafiam. Multiplicam-se depois imagens de atentados recentes e aparecem no vídeo alguns dos sobreviventes, e é nesse momento que entra no vídeo o cantor pop Hussain al Jassmi, que canta “louva a Deus com amor e não com terror” e “enfrenta o teu inimigo com a paz e não com a guerra”, enquanto dá a mão ao potencial bombista suicida”.
A mensagem de paz está a ser aplaudida em todo o mundo — o vídeo conta já com perto de três milhões de visualizações no YouTube –, incluindo por muitos importantes líderes sunitas. Mas também há quem se esteja a insurgir contra o aproveitamento das vítimas de atentados para este vídeo, nomeadamente contra a utilização da imagem de Omran Daqneesh, o menino sírio que se tornou num ícone da guerra civil na Síria quando foi fotografado dentro de uma ambulância.