O BES mau, que ficou com os ativos tóxicos do Banco Espírito Santo, tinha uma situação líquida negativa de 5.600 milhões de euros quando entrou em processo de liquidação, em julho do ano passado. Esta insuficiência, ou buraco, traduz a diferença entre o valor dos passivos e das responsabilidades do banco e dos seus ativos. O número reporta às contas dos primeiros sete meses do ano passado e consta do processo de liquidação a correr no Tribunal do Comércio de Lisboa, que foi consultado pelo Jornal de Negócios.
Em julho do ano passado, o BES tinha ativos de apenas 152 milhões de euros e um passivo de 5.750 milhões de euros onde estavam incluídas as provisões para processos judiciais de credores do antigo Banco Espírito Santo, mas também a dívida subordinada, bem como as obrigações séniores e o financiamento concedido pela Oak Finance (um veículo que representa vários investidores internacionais), que foram transferidos para o banco mau, por indicação do Banco de Portugal. Ainda a pesar no passivo, estão as imparidades (perdas) associadas a créditos concedidos a empresas do universo Espírito Santo que estão também em processo de insolvência.
Perante esta diferença abissal entre ativos e passivos, uma auditoria pedida pelo Banco de Portugal concluiu que os credores do BES ficaram a perder com a resolução do banco em agosto de 2014. Teriam recuperado mais, se a instituição tivesse entrado logo em liquidação, mas incluindo os ativos, mais saudáveis, que foram transferidos para o Novo Banco.
Credores do BES recuperavam 31,7% com liquidação do banco. Compensação pode demorar anos
Nos primeiros sete meses de 2016, o BES registou prejuízos de mais de 300 milhões de euros, que refletem os juros devidos pelos passivos e o aumento de provisões para processos judiciais e outras responsabilidades que totalizavam cerca de 1500 milhões de euros. O valor dos passivos, e do buraco, deverá voltar a agravar-se quando forem fechadas as contas do ano passado.