Mais de mil doentes foram identificados com retinopatia diabética num rastreio que encaminhou estes pacientes para uma consulta de oftalmologia e assim travou o avanço de uma complicação que pode causar cegueira. Este rastreio da retinopatia diabética é da responsabilidade da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e, desde 2016, permitiu que 22.565 diabéticos fossem avaliados.
Numa primeira fase foram envolvidos quatro Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES): Lisboa Norte, Lisboa Central, Lisboa Ocidental e Oeiras e Estuário do Tejo. Ana Dinis, médica de saúde pública e da comissão regional da diabetes da ARSLVT, revelou à Lusa que o programa foi mais tarde alargado a mais cinco ACES e que os últimos dois arrancaram esta semana (Amadora e Almada-Seixal).
Toda a região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo está coberta pelo programa de rastreio da retinopatia diabética”, disse, sublinhando a importância desta medida que “visa o rastreio da retinopatia diabética, complicação major da diabetes”.
Este rastreio “reduz o risco de cegueira da população diabética, chama e convida a população com diabetes elegível para fazer este rastreio e, nos casos positivos, encaminha-os para consulta de oftalmologia no hospital e tratamento precoce”.
Segundo Ana Dinis, este projeto-piloto foi criado para 40 mil pessoas com diabetes elegíveis, das quais participaram cerca de 60%, o que foi “muito bom”. Destes rastreados, 1.172 tiveram resultado positivo para o diagnóstico de retinopatia diabética e/ou maculopatia, ou seja, 5,4% dos diabéticos que participaram no rastreio.
Ana Dinis sublinha a importância desta medida, uma vez que permite detetar precocemente a doença e num estádio mais inicial, além de garantir o acesso a um tratamento também mais precoce. Desta forma, a doença pode ser tratada “mais atempadamente” e o doente pode ter “acesso a tratamentos menos agressivos, menos onerosos, com aumento da qualidade de vida”.
Este rastreio é anual e os doentes com resultado negativo entram de novo no rastreio seguinte. Os diabéticos elegíveis são convidados pelos centros de saúde a participarem no rastreio através de uma carta, acompanhada de um folheto informativo. “É importante que as pessoas com diabetes participem. As pessoas devem recorrer ao seu centro de saúde, atualizar os contactos”, disse.
Após ser chamado, o doente submete-se a um exame (retinografia) no centro de saúde e o resultado é transmitido duas a três semanas depois, sendo os casos positivos encaminhados para um serviço de oftalmologia. Nos casos positivos, esclareceu Ana Dinis, “os resultados são transmitidos pelo médico de família”.
Esta responsável garante que existe resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma vez que “todos os procedimentos entre os cuidados de saúde primários e os serviços onde os doentes vão ser tratados estão articulados”. Estão ainda garantidos tempos de resposta de qualidade entre cada um destes procedimentos, já que “foi criada uma espécie de via verde para os doentes chegarem mais rapidamente e identificados com uma possível lesão”.
Apesar de preconizado que o tempo médio para estabelecimento de diagnóstico, após o rastreio, é de 20 dias, foi atingido neste programa um tempo médio de 12,6 dias.