De: Carlos Deus Pereira
Para: Pedro Guerra
Data: 16 de fevereiro de 2014, 17h31
Os ficheiros são de mensagens [SMS] do Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol à altura ainda presidente da Liga. Chamo a atenção às mensagens enviadas ao Tiago Craveiro, no ficheiro Tiago.csv-segunda mensagem. Aí, o atual presidente da FPF declara amor eterno ao azul e branco.

Foi este o email que provocou a primeira grande réplica em relação ao caso que tem sido tão falado nas últimas semanas: no mesmo dia, soube-se que o FC Porto “satisfez o pedido” da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária e entregou toda a documentação que tinha em sua posse, que o Benfica nega “qualquer tipo de condicionamento” a árbitros e tratará do caso na justiça e que Fernando Gomes terá contactado a Polícia Judiciária e a Procuradoria Geral da República para ceder todas as nomeações, classificações e relatórios de árbitros desde dezembro de 2011, quando assumiu a presidência da Federação.

Caso dos emails. FC Porto acusa Benfica de monitorizar mensagens SMS de Fernando Gomes

Expliquemos que email é este e quem são os protagonistas. Carlos Deus Pereira, antigo jogador que passou pela formação do Sporting e do Benfica, que esteve nos seniores dos encarnados entre 1981 e 1988 antes de rumar a Farense e Olhanense, era presidente da Assembleia Geral da Liga no mandato de Mário Figueiredo, em 2014. Foi nesse ano que terá enviado o supracitado email a Pedro Guerra, na altura colaborador do jornal e da TV do Benfica (atualmente é diretor de conteúdos da BTV). Para quê, afinal?

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“O Benfica monitoriza mensagens de Fernando Gomes, atual presidente da Federação e que passou pela Liga. Mensagens pessoais que tinha trocado, centenas de SMS. E agora o que têm a dizer sobre violação de correspondência privada? Alguém acredita que o Benfica é um competidor sério?”, disse Francisco J. Marques

Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, deu a sua interpretação a esta pergunta na quarta-feira, no programa Universo Porto de Bancada. “O Benfica monitoriza mensagens de Fernando Gomes, atual presidente da Federação e que passou pela Liga. Mensagens pessoais que tinha trocado, centenas de SMS. E agora o que têm a dizer sobre violação de correspondência privada? Estão enterrados até ao pescoço. Alguém acredita que o Benfica é um competidor sério? E depois andam todos ofendidos. Os adeptos do Benfica não têm culpa nenhuma disto, mas também têm de ter real noção de quem é esta gente que tem no clube. E espero que não venham desmentir porque não quero ter de estar a mostrar as provas das mensagens“, comentou.

Durante o dia de ontem, foi-se recordando o célebre caso do assalto à Federação Portuguesa de Futebol, em fevereiro de 2013. Nessa altura, foram roubados alguns computadores, nomeadamente o de Fernando Gomes. Logo após o sucedido, o líder do órgão fez questão de condenar o ato que foi investigado pelas autoridades.

https://www.youtube.com/watch?v=PqI-Q5_vGKg

“É uma tristeza verificar o nível a que alguém terá descido para me tentar atingir ou intimidar. Mas estou tranquilo, perfeitamente à vontade, porque quem tiver acesso aos dados do meu computador apenas vai encontrar um trabalho sério, rigoroso e transparente. Aconselho-os até a que aprendam alguma coisa com os dados a que tiverem acesso. Que é possível realizar projetos e trabalhar bem de forma honesta, honrada e eficaz, sem ser preciso recorrer a esquemas como este assalto que foi realizado. Crime encomendado? Não sei nem me interessa. Mas posso dizer a essas pessoas que o fizeram que as estratégias de intimidação ou tentativas de me desviar do meu objetivo de lutar por um futebol cada vez melhor não surtirão qualquer efeito”, destacou.

No entanto, segundo foi explicado ao Observador, as alegadas mensagens do antigo jogador e dirigente do FC Porto não dizem respeito a esse incidente na sede da Federação mas sim ao período em que Fernando Gomes, que também é agora vice-presidente da UEFA, esteve na Liga de Clubes, entre junho de 2010 e dezembro de 2011. Daí que tivesse sido Carlos Deus Pereira, alegadamente, a ter na sua posse esses ficheiros, que terão seguido em anexo do email para Pedro Guerra, conforme foi referido por Francisco J. Marques.