O novo Dodge Challenger SRT Demon é, verdadeiramente, um carro do demo. Anuncia mais de 800 cv, extraídos de um motor convencional a gasolina, o que coloca entre os desportivos mais musculados do mercado sem recorrer a motorizações híbridas. Tecnologia que tem as suas vantagens, mas igualmente as suas limitações, uma vez que a potência extra proporcionada pelos motores eléctricos, como por exemplo acontece no LaFerrari, só está disponível enquanto há energia na bateria. O que a andar a fundo em desportivos deste calibre, é uma questão de segundos.
Se o Superfast propõe 800 cv, extraídos do motor V12 atmosférico com 6,5 litros, o Demon da Dodge responde com um V8 sobrealimentado, com mais potência e sobretudo com muito mais força. E a todos os regimes. A ponto de transformar numa tartaruga o impressionante 812 Superfast.
Que o Challenger SRT Demon promete ser uma máquina demoníaca, uma espécie de dragster homologado para a utilização nas estradas do dia-a-dia, era algo que já sabia. Agora, que o muscle car com 840 cv de potência pode muito bem vir a ser uma proposta só para mãos experientes, e conscientes, é algo inesperado.
A marca terá decidido exigir a todos os futuros donos do modelo a assinatura de um termo de responsabilidade que, não só comprova que os clientes sabem o tipo de carro que estão comprar, como também iliba o fabricante de quaisquer responsabilidades em aflições futuras.
O documento faz parte da documentação de compra que qualquer interessado em possuir um Demon está obrigado a assinar. Responsabilizando apenas e só o proprietário por aquilo que a marca considera ser uma utilização indevida do modelo.
Entre as 11 principais “proibições” está, por exemplo, a obrigatoriedade de utilização do veículo e de todas as suas potencialidades “apenas e só quando for seguro para tal”, uma vez que a utilização incorrecta “pode resultar em acidente, ferimentos sérios e até morte”. Com “a responsabilidade total a pertencer ao proprietário, que também assumirá todos os riscos resultantes da utilização da viatura”.
Ao mesmo tempo, com a assinatura do termo de responsabilidade, o cliente assume ter “lido e compreendido na totalidade o Manual do Utilizador que acompanha o veículo”, assim como “a obrigatoriedade de aplicação das indicações para utilização do veículo”. Com o futuro proprietário a comprometer-se, por exemplo, em “não transportar ocupantes na zona tradicionalmente ocupada pelos bancos traseiros” ou “a instalar, por sua auto-recreação, assentos nesses mesmos locais”. O mesmo acontecendo com o lugar destinado ao banco do passageiro da frente, onde, sempre que este não surja de fábrica, “não deverá utilizado para transporte de passageiros ou instalação a posteriori de bancos”.
Igualmente proibida está a já referida a utilização do modo “Track-Use” e de todas as suas funções, equipamentos ou componentes, em “estradas públicas ou em outras áreas proibidas”, já que todas estas soluções foram elaboradas “apenas para a utilização em pista”. O mesmo acontecendo com os pneus “Nitto NT05R radiais específicos”, que “não foram concebidos para utilização em auto-estrada” e que “farão bem menos quilómetros do que inicialmente esperado”. Tal como, aliás, “não são recomendados para condução em condições de chuva, onde há o risco de aquaplanagem”, devendo ser “sempre inspeccionados na procura de cortes ou sinais de degradação, antes da utilização”.
Como se não bastasse, os futuros proprietários até têm de se comprometer a “não apertarem totalmente as porcas das rodas até o veículo estar completamente assente no piso” e, uma vez aí, “apertarem-nas por completo antes de avançarem para a utilização o veículo”.
Embora inusitadas, as obrigações que terão de ser forçosamente aceites pelos futuros proprietários, no momento da compra do Dodge Challenger Demon, acabam por ser justificadas pelo “poder de fogo” que o modelo anuncia. Como é o caso dos 840 cv de potência do V8, que supostamente lhe permitem ir dos 0 aos 100 km/h, sensivelmente, em 2,3 segundos. Valor que faz com que os seus fabricantes afirmem tratar-se do “mais rápido carro de produção do mundo”.
Com a entrega das primeiras unidades agendada apenas para o próximo Outono, deste Demon serão fabricadas apenas 3.000 unidades para os EUA, a par de mais 300 para o Canadá – os únicos mercados onde será comercializado. Números que, por outro lado, garantem não só alguma exclusividade, mas também justificam um preço, nos EUA, de 86.090 dólares, ou seja, pouco mais de 77 mil euros.