O tenente-general José Calçada, comandante de Pessoal do Exército, demitiu-se este sábado devido a “divergências inultrapassáveis” com o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, avança o Expresso.

Em causa está a atuação do CEME ao longo dos últimos meses e em particular na resposta ao furto de material de guerra dos paióis de Tancos. O general José Calçada classificou como “inqualificável” a exoneração de cinco generais na sequência do roubo de Tancos.

Em declarações ao Expresso, José Calçada confirmou que já entregou um pedido exoneração das suas funções e uma declaração para a passagem à reserva.

Entretanto, em comunicado enviado para as redações, o gabinete do CEME anunciou durante a tarde de sábado que o pedido de passagem à reserva foi aceite e que o tenente-general já foi substituído: “A fim de assegurar a manutenção da cadeia de comando, o Senhor Tenente-General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Rodrigues da Costa, foi nomeado para assumir o cargo de Comandante do Pessoal em acumulação”.

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O comunicado é omisso relativamente à demissão do tenente-general Faria Menezes, atual comandante operacional das Forças Terrestres, que decidiu abandonar o cargo também este sábado e pelo mesmo motivo. Ao Expresso, Faria Menezes anunciou que vai apresentar a demissão, mas apenas na próxima segunda-feira. “Com a exoneração dos cinco comandantes houve uma quebra do vínculo sagrado entre comandantes e subordinados. Por respeito aos princípios e valores que perfilho, vejo-me obrigado a pedir a exoneração como comandante das Forças Terrestres”, explicou o tenente-general. Que garantiu também que a decisão que tomou se prende unicamente com a forma como Rovisco Duarte lidou com o caso de Tancos e não com o facto de ter sido preterido para o cargo de vice- Chefe de Estado Maior do Exército.

José Calçada, de 55 anos, estava à frente do Comando de Pessoal do Exército desde outubro de 2014, depois de ter passado dois anos na Bélgica como representante português no quartel-general das operações da NATO na Europa.

António Faria Menezes, 57 anos, comandou o Agrupamento Echo/SFOR, na Bósnia-Herzegovina, em 2001, e era comandante das Forças Terrestres desde junho de 2014.

O gabinete de Azeredo Lopes não comenta, mas o Observador sabe que no Ministério da Defesa as demissões estão a ser vistas como assunto interno do Exército.