O mais elevado titular de um cargo do Vaticano envolvido no escândalo de crimes sexuais da Igreja Católica, o cardeal George Pell, regressou esta segunda-feira à Austrália para ser julgado por acusações de que abusou sexualmente de diversas pessoas.
Pell, conselheiro financeiro do papa Francisco, de 76 anos, deverá comparecer em tribunal em Melbourne a 26 de julho, para responder por múltiplas acusações de “históricas ofensas de ataque sexual”, de acordo com a descrição da polícia de Victoria, referindo-se a crimes que ocorreram há vários anos. Este tipo de crimes não prescreve na Austrália.
Quando a polícia anunciou as acusações no mês passado, Pell prometeu defender-se, dizendo: “Toda a ideia de abuso sexual é repugnante para mim”.
Na segunda-feira, a arquidiocese de Sydney disse que o cardeal fez várias paragens na sua viagem para a Austrália, de modo a evitar voos de longa duração, por recomendação dos médicos. No ano passado Pell disse estar demasiado doente para suportar o voo de longo curso para o seu país, onde devia testemunhar num inquérito do governo sobre como a Igreja Católica e outras instituições responderam a acusações de abuso sexual de menores.
Quando a polícia de Victoria lhe disse quais eram as acusações, o cardeal Pell disse em Roma que rejeitava totalmente as alegações, que estava completamente inocente das acusações e que iria regressar à Austrália para se defender vigorosamente e limpar o seu nome”, afirmou a arquidiocese em comunicado.
“O cardeal Pell não vai fazer mais comentários, além de dizer que está agradecido pelas inúmeras mensagens de apoio que continua a receber”, acrescentou.
O papa agradeceu a Pell pelo seu “honesto” trabalho e colaboração, e disse que irá esperar pela justiça australiana antes de emitir qualquer julgamento.
Há vários anos que Pell enfrenta acusações de má gestão de casos de abuso por clérigos enquanto era arcebispo de Melbourne e, mais tarde, de Sydney. Mais recentemente Pell tornou-se ele próprio alvo de investigações de abuso sexual, com detetives de Victoria a deslocarem-se ao Vaticano para o entrevistar no ano passado.