É cacau puro, em pó, e é para ser inalado. Chama-se Coco Loko e é uma moda que está a crescer nos Estados Unidos. Mas atenção: os peritos alertam para alguns perigos associados a esta prática.

O objetivo, diz a empresa, é o de conseguir ter uma infusão de “energia eufórica”. Podemos ter essa noção até pelos componentes do produto, já que contém estimulantes e outros ingredientes habitualmente presentes nas bebidas energéticas, como ginkgo biliba, taurina ou sementes de guaraná (estas ricas em cafeína).

A empresa distribuidora – a Legal Lean, com sede em Orlando (Florida) – garante que o pó de cacau é “inócuo” e que não não inclui quaisquer componentes químicos relacionados com algum tipo de droga ilegal. “Encomendamos os nossos ingredientes em sítios na Internet com grande reputação e que proporcionam relatórios e análises de toxicidades”, diz à ABC o empresário Anderson, de 29 anos.

Está desenhado para dar uma subida de endorfinas e uma libertação de serotonina que te proporciona euforia e vitalidade, algo extra para se desfrutar numa noite ou numa festa”, explica-se ainda.

O produto, que está no mercado deste o mês passado, tem os mesmos efeitos semelhantes aos de uma bebida energética. “Põe-te eufórico, mas também motivado a fazer o que quer que tenhas para fazer”. Os efeitos duram entre meia e uma hora.

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O empresário começou por investir 10 mil dólares no projeto e depois de diferentes testes com várias misturas – sempre usando a base de cacau puro – chegou à formula final. O Coco Loko é produzido em conjunto com uma companhia de suplementos alimentares.

Este pó de cacau puro não é apresentado como um componente vegetal, nem está legislado como um alimento nem medicamento. O produto também não foi proibido no mercado porque, como indica a Food and Drug Administration (FDA) – a agência de regulação responsável por aprovar a presença de alimentos e medicamentos no mercado norte-americano – “não houve queixas dos consumidores nem enfermidades” associados ao seu consumo.

Ainda assim, a comunidade médica mostra algum ceticismo relativamente a este consumo. “A questão é saber quais são os seus riscos. Não existem dados e, pelo que sei, ninguém estudou ainda o que acontece se inalas chocolate pelo nariz”, diz ao Washington Post Andrew Lane, diretor do Centro de Sinusite do Hospital Johns Hopkins. O Washington Post cita também um porta-voz da FDA que diz que a agência de regulação ainda “terá de avaliar a rotulagem do produto, as informações de marketing e qualquer outra informação relativa ao produto.”

A Andrew Lane não o preocupa que chegue a ser considerada uma droga, até porque ressalva que “se vais consumir drogas provavelmente não vai começar pelo chocolate. Certamente isto será melhor do que uma droga ilícita.”

Ainda que o método de inalar o cacau possa gerar suspeitas – como acontece com algumas drogas – os peritos consideram que a maior preocupação está no aumento da pressão sanguínea que os estimulantes das bebidas energéticas provocam e os seus efeitos que se potenciam ao ser inalados. O perigo pode estar na reação das membranas mucosas do nariz a essa substância, já que o cacau pode ficar retido no nariz ou criar um muco com outras substâncias nasais.

Inalar algo através da tua cavidade nasal é um modo mais rápido de assimilar no teu organismo do que comer ou beber – que requer uma certa digestão.”, diz à revista Health Paul Arciero, professor de saúde, que recorda casos de sobredosagem de cafeína devido ao consumo de bebidas energéticas.

Um pote de Coco Loko, que está só à venda nos Estados Unidos, custa 24,99 dólares (cerca de 22€) e dá para 10 dosagens.