Fernando Santos esteve ontem à conversa com os jornalistas, um ano após a conquista do Campeonato da Europa. A certa altura, perguntou-se: como vai ser feita a renovação da equipa, nomeadamente dos trintões do centro da defesa? “Estamos cá para arranjar soluções para os problemas mas não estou preocupado”, disse. Depois, elogiou o trabalho que tem vindo a ser feito pela Federação e pelos clubes e mostrou grande confiança no que vem aí. Tem razões para isso: Portugal volta a chegar a uma final do Europeu, desta feita com a Seleção Sub-19.

Esta será a oitava final em Europeus dos quatro escalões etários nos últimos 15 anos e a quinta nos derradeiros três anos. Anote aí: em 2003, os Sub-17 ganharam à Espanha e os Sub-19 saíram derrotados frente à Itália; em 2004, a equipa A perdeu com a Grécia; em 2014, os Sub-19 caíram diante da Alemanha; em 2015, os Sub-21 perderam nos penáltis com a Suécia; em 2016, a equipa A sagrou-se campeã e os Sub-17 bateram a Espanha nas grandes penalidades; agora, os Sub-19 conseguem também alcançar o jogo decisivo da prova.

Esta é uma geração especial. Como agora anda na moda, fazem parte da geração Z. Mas são mais do que isso: são uma geração que sabe tudo de A a Z, tendo como professor Hélio Sousa, técnico que os acompanha há alguns anos. Porque esta é a mesma geração que, no ano passado, viajou até ao Azerbaijão para conquistar o Campeonato da Europa Sub-17. Agora, no próximo sábado, lutará pela vitória em mais um Europeu, agora de Sub-19, aguardando ainda o adversário nesse encontro decisivo que sairá entre a Inglaterra e a Rep. Checa.

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Gedson Fernandes, aos 24 minutos, apontou o único golo da partida frente à Holanda, beneficiando de um erro enorme do guarda-redes Justin Bijlow, curiosamente o número 1 de uma equipa que tem como treinador um antigo guardião (e dos bons), Maarten Stekelenburg. Houve mais oportunidades durante o encontro, por Mésaque Dju e João Filipe, mas bastou esse momento para Portugal chegar à final com uma defesa seguríssima, um meio-campo voluntarioso e um ataque sempre criativo.

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Olhando para as escolhas de 2016 (22 jogadores) ou 2017 (apenas 18), percebe-se que a base continua a ser a mesma: Diogo Costa (guarda-redes), Diogo Dalot, Diogo Queirós, Diogo Leite (defesas), Florentino Luís, Miguel Luís, Gedson Fernandes, Domingos Quina (médios), Mésaque Dju, João Filipe e Rafael Leão (avançados) voltam a ser opções apesar de terem todos nascido em 1999, juntando-se depois os melhores valores nascidos em 1998: Daniel Figueira (que beneficiou da lesão de Luís Maximiano), João Queirós, Abdu Conté, Rui Pires, Bruno Paz, Rui Pedro e Madi Queta (que chegou à última hora para o lugar do goleador Zé Gomes).

Do onze inicial diante da Holanda, sete foram campeões europeus Sub-17 em 2016: Diogo Costa, Diogo Dalot, Diogo Queirós, Gedson Fernandes, Domingos Quina, Mésaque Dju e João Filipe. E ainda entraram Miguel Luís, Rafael Leão e Florentino Luís. Só faltou mesmo Diogo Leite. Sintomático.

Façamos então as contas: se juntarmos Cancelo, Rúben Semedo, Rúben Neves, Bruno Fernandes, João Carvalho, Bruma, Podence ou Gonçalo Guedes, que estiveram no Europeu Sub-21 deste ano, a Rúben Dias, Pedro Rodrigues, Pedro Delgado, Xadas ou Diogo Gonçalves, que foram ao Mundial Sub-20 também este ano, temos um núcleo-duro para ir renovando a Seleção principal. Mas logo a seguir há uma geração que junta não só talento como vitórias, conquistas. Têm cara de miúdos mas de finais percebem eles. Que venha sábado! (e já agora, percebemos bem as razões de confiança de Fernando Santos em relação ao futuro do futebol português)