Um vazio de dez anos em competições internacionais levou a um atraso do futebol feminino português, ao qual a geração que estará no Europeu da Holanda, de 16 de julho a 6 de agosto, tenta recuperar.

Desde o primeiro jogo, em 1981, passaram quase 40 anos, mas é a paragem entre 1983 e 1993 que obrigou a seleção a correr contra o tempo e recuperar a experiência internacional que lhe faltou durante uma década, considera o selecionador português.

Não há dúvidas, foram dez anos sem competições internacionais, são dez anos e não há nada que chegue a isso, esse grupo de jogadoras que não teve acesso a esse contexto internacional, como é lógico partimos um bocadinho em atraso”, justificou Francisco Neto, em entrevista à agência Lusa.

Só a competição ao mais alto nível pôde começar a devolver à equipa feminina a possibilidade de crescimento, num percurso em que o técnico assinala o trabalho da Federação em restituir essa identidade.

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“Não só nos anos em que entrei como selecionador, já antes havia esta política na federação, de dar o máximo de experiências competitivas internacionais às nossas jogadoras, isso é que também faz evoluir”, destacou o técnico.

Francisco Neto acredita que foi essa a chave que permitiu o inédito apuramento para o Europeu, uma maior competitividade que deu frutos. “As jogadora na superação, na dificuldade, foram crescendo, no grupo, individualmente, e quando se agregaram coletivamente conseguiram ser mais competitivas, e isso acabou por nos levar ao Euro”, explicou.

Para isso foi preciso defrontar as melhores seleções, com diferenças substanciais e que faziam dos resultados pesados um problema.

“Se fizerem uma retrospetiva dos últimos quatro anos, Portugal do top-25 do ranking se calhar jogou contra 15 ou 16 nestes últimos quatro anos, nós para poder crescer tivemos que expor as nossas jogadoras a um contexto competitivo tremendo”, disse.

O futuro só pode ser risonho, num momento em que o futebol feminino mundial deixou de ter apenas os Estados Unidos como potência única da modalidade, ou a Alemanha que viverá já num contexto europeu de grande concorrência.

É o futebol do sul da Europa a crescer, com França cada vez mais ‘impositiva’ — campeã europeia de clubes em 2011, 2012, 2016 e 2017 -, e a Espanha a prometer mais e melhor, depois dos bons resultados nos escalões mais jovens.

“O futebol feminino estava muito enraizado nos Estados Unidos e no norte da Europa, hoje em dia está espalhado pelo mundo todo, é um fenómeno já à escala mundial, é algo que cada vez mais tem mais visibilidade”, considerou o selecionador.