As famílias portuguesas gastam cada vez mais dinheiro com habitação e estão a gastar menos em comida, tanto no supermercado como nos restaurantes, diz o Instituto Nacional de Estatística. As despesas das famílias estão cada vez mais concentradas nas necessidades básicas: habitação, transportes e alimentação. Gastos com saúde, lazer e vestuário também ocupam cada vez menos espaço no orçamento das famílias.
Quase dois terços do rendimento anual, é quanto as famílias portuguesas gastaram em 2015/2016 com habitação, transportes e alimentação. É normal que estes três agrupamentos sejam os que mais rendimento absorvam, mas se olharmos para cada um destes individualmente é possível ver algumas mudanças.
As famílias gastaram menos que no início da década, antes do resgate, ainda que só 28 euros em termos anuais – é preciso ter em conta que os preços têm continuado a subir – e boa parte desses gastos foi feita em habitação: da média anual de 20.363 euros de rendimento por agregado familiar que vive em Portugal, 6.501 euros foram para habitação (que inclui ainda despesas associadas como a água, eletricidade, gás e outros combustíveis).
As despesas com habitação, depois da nova subida que se registou, são, a par das com ensino, as únicas que subiram sempre desde o início do século, mas no caso da habitação de forma muito mais expressiva: no início do século absorvia menos de 20% das despesas totais das famílias, não muito longe do que o era gasto com produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, mas tem vindo a crescer de tal forma que já é mais de o dobro das despesas com produtos alimentares.
As despesas com produtos alimentares até aumentaram em 2015 e 2016, mas ainda estão aquém do que era gasto na primeira década deste século. As famílias também estão a gastar menos com restauração e hotéis, menos até do que gastavam no início do século.
A redução das despesas das famílias, para compensar os custos acrescidos com habitação, consegue verificar-se em praticamente todos os restantes grupos:
- As despesas com bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos estão a cair de forma sustentada desde o início do século.
- O mesmo acontece com os gastos com roupa e calçado, com eletrodomésticos, acessórios para o lar e com a manutenção corrente da habitação.
- Os gastos com saúde até aumentaram na primeira metade da década passada, mas têm vindo a cair desde então. O mesmo se passa nas despesas com lazer, recreação e cultura.