O tardígrado, um micro-animal translúcido e com oito patas, também conhecido como “ursinho-de-água”, foi recentemente considerada a espécie mais resistente do planeta Terra. Segundo um estudo da Universidade de Oxford, a criatura vai conseguir sobreviver ao risco de extinção e estar presente no planeta daqui a dez mil milhões de anos.

Muito se fala sobre os efeitos de eventos astrofísicos na continuação ou não da vida humana, mas pouco é discutido sobre a resistência da própria vida. Um estudo publicado na Scientific Reports explorou isso mesmo. A pesquisa mostrou que estas minúsculas criaturas não são fáceis de abalar: para além de conseguirem passar 30 anos sem qualquer tipo de alimento ou água, são capazes de resistir a temperaturas extremas (-200ºC até 150ºC) e ao vácuo do espaço.

O estudo levado a cabo pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e A Universidade de Harvard, nos EUA, não só sugere que os tardígrados vão viver durante muito mais tempo após uma possível erradicação da raça humana, como também dão a esperança que a vida possa conseguir existir em locais de ambiente estéril e hostil – como a superfície de Marte.

“Os tardígrados são o mais próximo do indestrutível que temos no planeta Terra, mas é possível que existam espécie semelhantes noutros locais do universo”, disse Rafael Alves Batista, do Departamento de Física da Universidade de Oxford.

Esta criatura pode viver até 60 anos e crescer até 0,5 milímetros. Segundo os investigadores, a única ameaça a esta espécie seria um evento apocalíptico que fizesse com que a água dos oceanos fervesse. A pesquisa explica que existem apenas uma dúzia de asteróides e planetas anões conhecidos – onde se incluem Plutão e Vesta – com massa suficiente para ferver os oceanos, porém nenhum deles se cruza com a órbitra terrestre. Mesmo que o sol explodisse numa supernova, não seria suficiente para colocar em perigo os tardígrados.

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Em 2016, uma equipa do Instituto Nacional de Investigação Polar do Japão descongelou exemplares desta espécie, que tinham sido recolhidos na Antártida em 1983. Resultado: depois de três décadas inanimados, recuperaram completamente. Um dia depois de terem sido descongelados começaram a mexer as patas e, nos dias seguintes, foram-se movendo mais até se começarem a alimentar.

“As belas adormecidas”, como foram apelidadas pelos investigadores, tinham acordado. Para sempre?