“Um excelente dia na Casa Branca!”, diz Donald Trump através do Twitter. É que esta segunda-feira, Anthony Scaramucci deixou o cargo que ocupava na Casa Branca como diretor de comunicação. Acontece dez dias depois de ser nomeado. Scaramucci roubou o título a Sally Yates como a pessoa que menos tempo se manteve na administração Trump. Yates era procuradora-geral dos Estados Unidos. Foi despedida 11 dias depois de ser contratada.
A great day at the White House!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 31, 2017
Pelo contrário, Reince Priebus, ex-chefe de gabinete da Casa Branca ocupa o primeiro lugar do pódio dos que estiveram mais tempo nos seus cargos. Priebus esteve 189 dias, dos 191 que o presidente norte-americano, Donald Trump, leva no poder. O ex-conselheiro no Conselho de Segurança Nacional Derek Harvey e o ex-porta-voz assistente Michael Short partilham o segundo lugar.
Desde que Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos, a 20 de Janeiro de 2017, não houve um mês em que a Casa Branca não tenha visto alguém sair de vez pela porta fora. Julho bateu o record de baixas. Anthony Scaramucci é a sexta e última pessoa a deixar o cargo, este mês. É também a 16ª baixa desde que Donald Trump se tornou o presidente dos Estados Unidos.
Sally Yates, procuradora-geral dos Estados Unidos
11 dias
Donald Trump não perdeu tempo e depressa pôs mãos à obra. Tinha tomado posse no dia 20 de janeiro e, no dia 30, já o presidente norte-americano estava a despedir pessoas. Sally Yates foi despedida por incitar à desobediência da ordem executiva de fecho das fronteiras dos Estados Unidos a cidadãos de sete países de maioria muçulmana. Foi afastada poucas horas depois de ter dito aos juristas do Departamento de Justiça para não cumprirem os requisitos da ordem.
Foi substituída por Dana Boente, que ficou no cargo temporariamente, até que o Congresso aprovasse Jeff Sessions como 84º procurador-geral dos Estados Unido, no dia 9 de fevereiro.
Michael Flynn, conselheiro de segurança nacional
23 dias
No dia dos namorados, Michael Flynn foi para casa mais cedo. Não muito. Na noite de 14 de fevereiro, o conselheiro de Segurança Nacional demitiu-se do cargo, após informações de que teria mentido sobre a existência de conversas que teve com o embaixador dos Estados Unidos na Rússia. Flynn justificou-se ao dizer que essas conversas aconteceram antes da tomada de posse de Trump. O conselheiro de segurança nacional foi acusado de enganar o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, por ter fornecido “informação incompleta” sobre essas conversas.
Foi substituído por Keith Kellogg, que ficou no cargo durante cerca de uma semana, até que H. R. McMaster ocupasse o cargo definivamente.
Craig Deare, diretor sénior no Conselho de Segurança Nacional para o continente americano
27 dias
Três dias depois de Flynn deixar o cargo, Craig Deare foi despedido “de uma forma abrupta”, de acordo com o jornal Politico. Foi afastado após se descobrir que tinha criticado Donald Trump, a sua filha mais velha Ivanka Trump, o seu marido Jared Kushner e o diretor estatégico do presidente Steve Bannon. As críticas terão sido durante uma mesa redonda fechada à imprensa no Centro Wilson, em Washington, perante um grupo de académicos.
O cargo continua desocupado desde então. Quem assume os comandos do Conselho de Segurança Nacional para o continente americano é o secretário de estado Francisco Palmieri.
Katie Walsh, vice-chefe de gabinete da Casa Branca
70 dias
Março teve uma única baixa. Aconteceu no dia 30 de março. Katie Walsh era bastante próxima do chefe de gabinete da Casa Branca Reince Priebus, que também se acabou por demitir. O pedido de demissão representou a primeira baixa da equipa mais próxima de Donald Trump. Mas Walsh continuou a apoiar o presidente do lado de fora ao comandar um grupo pró-Trump — o America First Policies.As suas funções foram divididas entre duas pessoas: Rick Dearborn e Joe Hagin.
Kathleen Troia McFarland, vice-conselheira de segurança nacional
118 dias
Foi o braço direito de Michael Flynn (durante o breve periodo em que ocupou o cargo conselheiro de segurança nacional). K.T. McFarland deixou o cargo a 9 de abril. Não foi despedida nem tomou a iniciativa de se demitir. Antes, tornou-se embaixadora dos Estados Unidos em Singapura. As suas funções foram também repartidas para duas pessoas: Ricky L. Waddell e Dina Powell, responsável pela parte da estratégica nacional.
Michael Dubke, diretor de comunicação da Casa Branca
86 dias
Foi o primeiro dos três diretores de comunicação da Casa Branca que deixaram o cargo. Apresentou a sua demissão a 18 de abril, que foi imediatamente aceite por Trump. Michael Dubke terá deixado o cargo devido a razões pessoais e, por isso, ainda se disponibilizou para se manter no cargo durante a primeira viagem oficial de Donald Trump para que a transição não fosse conturbada.
Foi subtituído por Sean Spicer (entretanto despedido e substituído por Anthony Scaramucci, despedido esta segunda-feira).
Angella Reid, mordomo da Casa Branca
106 dias
Foi a primeira mulher a desempenhar o cargo de mordomo na Casa Branca e o segundo mordomo afro-americano. Angella Reid foi despedida a 5 de maio do cargo que desempenhava desde 2011, sob a presidência de Barack Obama. O despedimento de Reid terá sido uma surpresa tanto para ela como para toda a equipa de funcionários que liderava. O último despedimento neste cargo tinha acontecido em 1993.
Foi substituída por Timothy Harleth, antigo empregado de um hotel de Donald Trump.
James B. Comey Jr., diretor do FBI
110 dias
Maio também só teve uma baixa mas polémica. No dia 9 de maio, James Comey foi despedido. Aconteceu numa altura em que o FBI admitia publicamente investigar as interferências russas nas eleições presidenciais norte-americanas. O ex-diretor foi fortemente criticado no Twitter de Donald Trump.
James Comey will be replaced by someone who will do a far better job, bringing back the spirit and prestige of the FBI.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 10, 2017
O anúncio foi feito pelo porta-voz da Casa Branca de então Sean Spicer (que e demitiu recentemente), em comunicado. Spicer apenas referiu que “o presidente aceitou a recomendação do procurador-geral [Jeff Sessions]”, que veio substituit Sally Yates, o primeiro despedimento de Trump.
Robert Iger e Elon Musk, conselheiros
134 e 133, respetivamente
O primeiro dia de junho registou duas desistências. O diretor executivo da Disney, Robert Iger, e o empresário Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, anunciaram o abandono do conselho consultivo de Trump depois de o Presidente norte-americano ter decidido que deixaria cair o Acordo do Clima de Paris. Os dois executivos faziam parte de um grupo de grandes líderes de empresas e organizações nos EUA a quem Trump recorre para aconselhamento em questões estratégicas.
Walter Shaub, diretor do gabinete de ética
181 dias
O mandato de cinco anos só terminava em janeiro do próximo ano, mas Walter Shaub não aguentou e despediu-se 181 dias depois de Trump ter assumido a presidência dos Estados Unidos. Tinha sido nomeado por Barack Obama, em 2013. Shaub Jr. não referiu o motivo específico para sua saída mas foi um crítico persistente da abordagem da ética da administração Trump.
Shaub Jr. redigiu uma carta a 6 de junho para Trump e partilhou-a no Twitter. A saída oficial aconeceu no dia 19 de julho e foi substituído por David J. Apol.
Sean Spicer, porta-voz da casa branca
183 dias
Julho bate recordes de baixas na Casa Branca. A contratação de Anthony Scaramucci para novo diretor de comunicação para a Casa Branca por parte de Trump, terá motivado a sua demissão. Spicer opôs-se à contratação de Scaramucci com quem tinha uma relação “tensa”. Através do Twitter, Donald Trump assegurou que Spicer tinha um “futuro brilhante” pela frente.
Sean Spicer is a wonderful person who took tremendous abuse from the Fake News Media – but his future is bright!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 22, 2017
Spicer saiu no dia 21 de julho e foi substituído por Sarah Huckabee Sanders, filha do antigo governador do estado norte-americano do Arkansas e candidato à presidência dos Estados Unidos Mike Huckabee.
Michael Short, porta-voz assistente
187 dias
Depois de Spicer, as baixas aconteceram quase todos os dias. Demitiu-se a 25 de julho, horas depois do diretor de comunicação da Casa Branca de então, Anthony Scaramucci, ter dito que Michael Short seria despedido. Foi o segundo afastamento em que Scaramucci foi o motivo, quando ele próprio viria a ser despedido.
Derek Harvey, conselheiro no Conselho de Segurança Nacional para o Médio Oriente, Norte de África e região do Golfo
187 dias
Disputa o segundo lugar de mais dias no cargo depois de Trump assumir a presidência dos Estados Unidos. A informação do seu despedimento a 27 de julho foi divulgada por dois membros da Casa Branca que falaram sob anonimato. Em comunicado, a Casa Branca disse que estava a “trabalhar com Harvey para identificar posições nas quais o seu currículo e conhecimentos possam ser melhor utilizados”. Harvey tinha sido convidado para o cargo pelo anterior conselheiro de Trump para a segurança nacional, Michael Flynn, também despedido.
Reince Priebus, chefe de gabinete da Casa Branca
189 dias
Novo dia, nova baixa. Reince Priebus foi substituído por John F. Kelly. A decisão foi anunciada pelo próprio Presidente dos EUA, na sua conta de Twitter. Na origem do afastamento estarão os desacordos entre o cehefe de gabinete e Donald Trump. Mas isso não impediu que o presidente norte-americano o elogiasse, ainda que através do Twitter, e agradecesse pelo “serviço e dedicação” que prestou ao país.
I would like to thank Reince Priebus for his service and dedication to his country. We accomplished a lot together and I am proud of him!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 28, 2017
Anthony Scaramucci, diretor de comunicação da Casa Branca
10 dias
Foi o último a ser despedido, mas aquele que menos tempo permaneceu no cargo. Scaramucci esteve na origem de dois despedimentos mas acabou, também, por ser despedido nesta segunda-feira. O despedimento terá sido exigido pelo novo chefe de gabinete, John Kelly, que substituiu Reince Priebus. A administração garante que a iniciativa de abandonar o cargo partiu do próprio.
Texto editado por João Cândido da Silva