A primeira-ministra Theresa May afirmou esta sexta-feira, em Florença, que o Reino Unido quer manter-se um “parceiro e forte amigo” da União Europeia (UE), defendendo que o Brexit poderá até ajudar a UE, já que os britânicos deixaram de se intrometer nas questões europeias. Declarando que, apesar de abandonar a UE, o país “não deixará a Europa”, a primeira-ministra garantiu que o Reino Unido continuará a ter um papel importante nos problemas relacionados com a segurança e que gostaria de fazer um novo e “ousado” tratado sobre segurança e justiça com a UE, algo “sem precedentes”.

“Temos a ambição de trabalhar em proximidade com a UE para protegermos o nosso povo, promovendo os nossos valores de segurança do nosso continente”, afirmou, citada pela BBC, acrescentando que o Reino Unido irá continuar a ajudar e a assistir as nações europeias em momentos de grande dificuldade ou perante a ameaça terrorista.

Para que a transição seja mais suave, a primeira-ministra propôs um período de implementação de cerca de dois anos durante o qual as regras da UE continuarão a ser aplicadas no Reino Unido e os britânicos continuariam a ter acesso ao mercado europeu. Theresa May disse que, durante este período, os estrangeiros poderão visitar livremente o Reino Unido mas que terão de se registar. O Brexit está marcado para 29 de março de 2019.

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De acordo com May, o Reino Unido e a UE concordaram em proteger o Acordo de Belfast e em proteger o comércio livre. Além disso, a primeira-ministra garantiu que não haverá fronteiras físicas para um maior controlo na chegada dos europeus ao país e que o país irá continuar a contribuir para o orçamento europeu até 2020.

Relativamente aos cidadãos europeus residentes no Reino Unido, Theresa May garantiu que está a fazer de tudo para garantir os seus direitos e que essa garantia é “real”. Admitindo que gostava que, no futuro, os tribunais britânicos tivessem em conta as sentenças proferidas pelo Tribunal Europeu de Justiça em questões relacionadas com os cidadãos europeus, disse que queria “incorporar o nosso acordo na lei britânica e ter a certeza de que os tribunais britânicos podem recorrer a ele”.

Salientando que as negociações não serão fáceis, a primeira-ministra britânica defendeu que a melhor maneira de proceder é seguindo as diretrizes que ela apresentou esta sexta-feira, na igreja de Santa Maria Novella, apesar de as medidas apresentadas não serem exatamente o que a UE esperava. Contudo, com o espírito correto, tudo é possível. May disse ainda que espera que os líderes europeus encarem o seu discurso como uma oportunidade para trabalharem em conjunto para construir uma parceria que irá contribuir para a prosperidade do Reino Unido e da UE e que respondam com “amizade” porque é isso que o país está a oferecer.