Numa altura em que são cada vez mais os países a fixar datas-limite a partir das quais passará a ser proibido comercializar automóveis de motores de combustão, e em que a própria indústria parece ter já interiorizado a obrigatoriedade de se render ao veículo eléctrico, a italiana Lamborghini acaba de dar um murro na mesa, ao garantir que, pelo menos enquanto lhe for permitido, não abandonará os motores V10 e V12 a gasolina que fazem parte do seu ADN. Garante-o o responsável máximo pelo Desenvolvimento na casa de Sant’Agata Bolognese, Maurizio Reggiani.
“O meu sonho é manter os motores a gasolina naturalmente aspirados, o mais que puder”, afirmou Reggiani, em declarações à britânica Autocar. Explicando que, no fundo, trata-se daquilo que é a “sensação de emoção em qualquer superdesportivo”.
O nosso ADN é o design, a emoção e a performance, enquanto factores capazes de tornar a experiência de condução verdadeiramente única. Estas são condições, para nós, essenciais em qualquer automóvel. Cabendo-nos, depois, integrá-las de forma científica, tornando-as mais físicas, também para que o cliente consiga comparar um modelo novo com um antigo”, comenta o italiano.
Para Maurizio Reggiani, “um Lamborghini não pode ser apenas uma dessas coisas. Até pode ser um carro com um design super cool, mas se não consegue transmitir emoção a quem se senta aos comandos, fazer ouvir a sonoridade do motor ou os pneus a derraparem no asfalto, então, isso significa que o trabalho não foi bem feito”.
Nós estamos permanentemente a tentar melhorar estes aspectos, procurando fazer com que o design e a engenharia caminhem lado a lado, e não aceitamos que qualquer uma destas características possa não estar presente num Lamborghini. Porque conduzir um Lamborghini terá de ser sempre um prazer, um divertimento e, já agora, um pouco de exibicionismo.”
Apesar de a própria marca já ter admitido, há não muito tempo, que o futuro poderá vir a passar pela hibridização, a verdade é que, ainda assim, foi preciso um modelo totalmente novo e disruptivo para a marca italiana, como é o caso do Urus, o primeiro SUV na história da marca do “touro enraivecido”, para que a Lamborghini admitisse a possibilidade de mexer nas suas motorizações. Sendo que este mesmo Urus será não só primeiro modelo da marca a estrear um sistema de propulsão híbrido plug-in, como também aquele que, pela primeira vez, envergará um turbocompressor.
“A verdade é que a dimensão das baterias, assim como o seu peso, são aspectos menos importantes noutro tipo de propostas que não um superdesportivo”, recorda o director de Desenvolvimento da marca de Sant’Agata Bolognese. “Começámos com o Urus, a partir do qual acreditamos poder vir a desenvolver o nosso sonho de fabrico com materiais ultraleves, capazes de receber tecnologia híbrida, para futura aplicação no domínio dos superdesportivos”, completou.