O líder do Podemos na Catalunha, Albano Dante Fachín, demitiu-se depois de ter entrado em conflito aberto com o secretário-geral do Podemos nacional, Pablo Iglesias. O político catalão queixa-se de uma “intervenção injustificável” dos órgãos nacionais do partido depois de ter sido colocada a hipótese de concorrer lado a lado com os independentistas.

A ferida ficou aberta depois de Albano Dante Fachín ter expressado a sua intenção de concorrer às eleições regionais da Catalunha de 21 de dezembro coligado com os independentistas do Juntos Pelo Sim e da CUP. Ao contrário da grande maioria dos deputados unionistas do parlamento catalão, Albano Dante Fachín participou na votação que ditou a declaração unilateral da independência da Catalunha. Embora não seja conhecido o seu voto — já que ele foi excecionalmente feito em urna —, antes da votação Albano Dante Fachín sublinhou os restantes parlamentares que estavam prestes a cometer um “erro grave”.

A ideia de Albano Dante Fachín, que à semelhança daquela que foi a postura do Podemos a nível nacional também se opôs à declaração unilateral da independência da Catalunha, era a de se aliar aos independentistas para montar uma “estratégia partilhada” contra o Artigo 155, a ferramenta constitucional aplicada por Mariano Rajoy para retirar a autonomia daquela região. “Se nos próximos dias todos estiveram à altura, devemos analisar a questão de maneira conjunta com as organizações com quem partilhamos algumas questões fundamentais”, disse à altura.

A ideia não soou bem aos ouvidos do Conselho Cidadão Estatal do Podemos, que convocou eleições primárias para o Podemos da Catalunha, passando por cima da intenção de Albano Dante Fachín. Em vez de defender uma coligação com o Juntos Pelo Sim e com a CUP, o Podemos nacional é mais favorável a uma lista conjunta com o En Comú, da autarca de Barcelona, Ada Colau. Por sua vez, o En Comú anunciou este domingo que não se ia juntar à coligação independentista.

A decisão do Conselho Cidadão Estatal do Podemos de convocar eleições primárias para o Podemos da Catalunha contemplava a formação de uma comissão de gestão, que estaria responsável pela liderança do partido até ser eleita a nova liderança. Nessa comissão de gestão, Alberto Dante Fachín não era contemplado com qualquer função. Agora, o próprio diz que isso foi uma “destituição de facto”. “Ou vais, ou te destituímos”, entendeu o líder do Podemos da Catalunha, que agora se queixa de uma “intervenção injustificável por parte da direção estatal do partido”.

“É um decisão difícil mas inevitável para quem quer manter a coerência com tudo o que tentou fazer ao longo dos últimos meses nesta organização”, reagiu.

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