Seja pela entrega do prémio The Best no final de outubro (melhor jogador para a FIFA), seja pela fuga de informação que saiu de uma loja da Nike, depois de terem sido feitos mil pares de chuteiras douradas para celebrar mais uma vitória do principal embaixador da marca, a atribuição da quinta Bola de Ouro a Cristiano Ronaldo é o segredo mais mal guardado do mundo. Por isso, mais vale arregaçarmos as mangas e falar sobre o assunto.

https://twitter.com/TeamCRonaldo/status/938487957266321409

O avançado, que está a caminho de Paris, colocou nas suas páginas das redes sociais o lançamento de uns novos ténis da Nike, mas foi a edição limitada das novas chuteiras da marca (que se espalhou pelo mundo anunciando aquilo que já todos sabem) que deu nas vistas, no rescaldo de um dia onde o português mostrou como continuar a desafiar os limites dos números, mesmo quando é criticado pelos números que apresenta.

A versão Mr. Hyde do avançado, que leva apenas dois golos em dez jogos no Campeonato (aquela celebração a espantar os males após marcar ao Málaga parece não ter surtido ainda efeito), esteve muito tempo, quiçá demasiado tempo, a secundarizar a face de Dr. Jekyll na Europa. Mas lá está, foi uma questão de tempo: Ronaldo pode estar a ser infeliz nas tardes da Liga, mas brilha como nunca nas noites da Champions. E bate recordes.

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Ao fazer um golo ao Borussia Dortmund (um grande golo), o capitão da Seleção tornou-se o primeiro jogador da história da Liga dos Campeões a marcar nos seis encontros da fase de grupos, num total de nove golos – tantos quantos o Barcelona, os mesmos ou mais do que 18 das 32 equipas que estiveram na Champions. Mas houve outros “pequenos recordes” conseguidos: ninguém marca tanto a equipas alemãs (e vão 26…), ninguém marcou mais em fases de grupos (igualou os 60 de Messi). Os números globais no ano civil de 2017 dizem o resto.

https://twitter.com/Ronaldoesquee/status/938717278341758976

Curiosamente, o Twitter do Eurosport opta por fazer o caminho contrário e arrisca um pequeno vídeo com cinco razões pelas quais Ronaldo não devia ganhar a Bola de Ouro: 1) as pessoas votam em Ronaldo por aquilo que ele fez na Liga dos Campeões, que terminou já em maio; 2) marcou apenas dois golos na Liga e por aí Messi merecia mais, até pela forma como levou sozinho a Argentina ao Mundial; 3) a idade começa a fazer-se sentir na máquina, que tem mais dificuldades no plano físico e deixou de ser decisivo nos jogos-chave; 4) quatro dos nove golos na Champions foram aos cipriotas do Apoel e o Real Madrid passou no segundo lugar; 5) ser o jogador mais caro do futebol mundial tem grande peso e Ronaldo já perdeu esse estatuto em 2013 com Bale.

Ficaram a faltar uns “pormenores”: além da Champions, ganhou o Campeonato, o Mundial de Clubes e a Supertaça Europeia até maio mais a Supertaça Europeia e de Espanha já na presente temporada; além de ter sido fundamental para o Real na Liga dos Campeões, foi também importante na Taça das Confederações (terceiro lugar) e na qualificação de Portugal para o Campeonato do Mundo; e bateu uma série de recordes, nomeadamente ser o primeiro jogador com 100 golos na Champions, feito carimbado diante do Bayern.

Entre esta imagem e a de logo à noite há um total de cinco Bolas de Ouro para Ronaldo (ANDREW YATES/AFP/Getty Images)

Outro dado curioso: comparando o presente ano com o primeiro em que o português ganhou a Bola de Ouro (2008), a grande diferença é que, na altura pelo Manchester United, marcava no Campeonato (oito golos nos primeiros dez jogos) e estava a zero na Champions (cinco jogos); agora, marca na Champions (nove golos em seis jogos) e está quase a zero no Campeonato (dois golos em dez jogos). Pelo meio, houve nove anos de sucessos…