Esta sexta-feira, num texto com o título “A arma dos desesperados”, Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, já tinha assumido a existência de um inquérito do Ministério Público contra si, no seguimento de uma denúncia anónima que falava em supostas ameaças a árbitros. “Está mais que visto de onde é que isto vem. Hoje em dia é facílimo. Qualquer cidadão pode fazer queixa de outro de forma anónima, atirando-lhe para cima a prática de crimes de homicídio, pedofilia, violação, roubo, corrupção ou seja aquilo que for. O Ministério Público, a partir do momento em que recebe a denuncia, falsa ou verdadeira, é obrigado a investigar. A estratégia é exatamente esta: fazer uma denúncia anónima, avisar um jornalista e o Ministério Público confirma que existe um inquérito”, destacou o líder leonino, que apontava o dedo a uma estratégia que visa “desviar o foco”.

A notícia surge no jornal Sol deste sábado, que destaca essa denúncia anónima feita contra Bruno de Carvalho e também Pinto da Costa, presidente do FC Porto, além de Luís Gonçalves, diretor-geral dos dragões, André Geraldes, team manager dos leões, e Hernâni Fernandes, assessor verde e branco para a arbitragem. O contexto das queixas tem a ver com a tentativa de condicionamento e/ou de extinção da greve dos árbitros na Taça da Liga, um tema que já tinha sido levantado na BTV, durante o programa “Chama Imensa” onde se falou de um “novo Apito Dourado”.

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De acordo com a queixa anónima, Bruno de Carvalho terá ligado diretamente a Luciano Gonçalves, presidente da APAF, com pressões e ameaças para que a greve dos árbitros ficasse sem efeito, ao mesmo tempo que solicitara a Hernâni Fernandes que contactasse alguns árbitros para os dissuadir da ideia. André Geraldes terá, segundo a mesma queixa, falado com alguns diretores de outros clubes a pedir ajuda para terminar com a greve. Em relação aos elementos da estrutura do FC Porto, são referidos contactos de Pinto da Costa e Luís Gonçalves com o árbitro internacional Jorge Sousa; com o comentador de arbitragem António Perdigão; com o presidente do Conselho de Arbitragem da AF Braga e com dois elementos do Conselho de Arbitragem da Federação, Bertino Miranda e Ricardo Duarte. Também aqui, ligações que tinham sido abordadas no programa “Chama Imensa” de 20 de novembro e que valeram uma queixa por parte da AF Braga contra os encarnados.

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O Benfica já tomou uma posição sobre o assunto, destacando através de um comunicado oficial tratar-se de uma matéria “de enorme gravidade”. “O Benfica está seguro de que haverá uma rigorosa e exigente investigação e apuramento dos factos por parte das entidades competentes, tanto no âmbito criminal como desportivo”, refere.

“Na realidade, desde a invasão do centro de treinos da Maia, de forma mais ou menos explícita, as ameaças e coações têm sido do conhecimento publico, com destaque para a forma sistemática como dirigentes do FCP têm colocado em causa a honorabilidade das equipas de arbitragem, como também pelas ameaças públicas de diversos membros dos grupos organizados de adeptos do FCP que, através do uso das suas redes sociais, visam árbitros e suas famílias. Não deixa de ser também preocupante verificarmos que, pelos indícios descritos, também o SCP, através de vários dos seus responsáveis, tenha estendido a sua pretensa aliança à prática das mesmas formas de coação e pressão que culminou na contratação de um ex-árbitro e observador para a sua estrutura com funções difíceis de enquadrar e entender”, advoga o Benfica nos parágrafos seguintes da missiva.

“Recorde-se que oportunamente, o Presidente da FPF ouvido em audição na Assembleia da República denunciou e deixou provas de algumas dessas ameaças, intimidações e pressões sobre as equipas de arbitragem e seus familiares, factos também publicamente assumidos pelo Presidente da APAF. E uma simples questão impõe-se: mas afinal quem as faz? Quem tem procurado condicionar dessa forma a atuação das equipas de arbitragem e deturpar a verdade desportiva?”, recordam as águias, a propósito das declarações de Fernando Gomes.

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“FCP e SCP, depois da prática de diversos crimes de divulgação e promoção de correspondência privada, têm agora acrescidas suspeitas de outro tipo de condutas que personificam um regresso a um passado de triste memória, numa reincidência intolerável que exige das entidades competentes uma minuciosa e eficaz investigação”, conclui o comunicado.

Recorde-se que esta sexta-feira já tinha sido um dia com muita polémica à mistura, depois de se ter tornado público que o Benfica começara a enviar uma série de intimações junto de pessoas e empresas que terão partilhado, descarregado ou acedido aos links que continham emails alegadamente pertencentes a responsáveis do clube. No seguimento da notícia, o Sporting fez também uma participação ao Ministério Público, pedindo para que fosse investigada a possibilidade de haver matéria criminal.

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