“Estou a ficar com medo, um cigano está a chamar-me”. A mensagem é da madrilena Diana Quer. Enviou a uma amiga, na madrugada em que desapareceu. Eram 2h40 do dia 22 de agosto de 2016. “O que te disse?”, perguntou a amiga. “Morena, vem aqui”, respondeu. Já eram 2h42. Foi a última mensagem enviada por Diana Quer. A amiga com que estava a conversar ainda perguntou: “O que lhe disseste?”. Mas a resposta nunca foi dada. Na verdade, a mensagem nunca chegou a ser vista.
Na altura com 18 anos, Diana estava de férias com a mãe e a irmã, de 16, na localidade de A Pobra do Caramiñal, na Corunha, Galiza. Às 8h30 da manhã, a mãe de Diana apercebeu-se de que a filha não tinha regressado e denunciou o seu desaparecimento. No dia seguinte, começou a busca por Diana Quer. Os primeiros cartazes com a fotografia da rapariga começam a ser vistos por todo o lado, em Espanha, acabando mais tarde por ultrapassar fronteiras: o rosto de Diana chegou a Portugal, França, Itália, Bélgica e Suíça. Na semana seguinte, a 31 de agosto, a Guardia Civil começa a fazer os primeiros interrogatórios às pessoas relacionadas com Diana Quer.
A hipótese de rapto foi inicialmente descartada: as autoridades locais defendiam que a jovem teria fugido. A mãe de Diana — divorciada do pai — perdeu a custódia da filha mais nova, Valeria, que nos últimos dias tinha sofrido várias crises nervosas devido ao desaparecimento da irmã. A decisão do juiz não estava relacionada com a investigação mas procurava “proteger” Valeria depois de ter evidências de “circunstâncias graves”. O pai das jovens, Juan Carlos Quer, disse que “esta medida veio tarde demais. Mais tarde a irmã mais nova de Diana viria a ser detida por suspeitas de ameaças à sua mãe e tentativas de homicídio.
[Veja aqui os oito momentos-chave da investigação ao desaparecimento da Diana Quer]
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Telemóvel de Diana encontrado, caso arquivado e suspeito detido
Mais de dois meses tinham passado desde o desaparecimento de Diana Quer. A 27 de outubro surge uma nova pista: um pescador encontrou o telemóvel da jovem, perto de Taragoña, a cerca de 20 quilómetros de A Pobra do Caramiñal — local onde Diana e a família estavam a passar férias. As pistas batiam certo: Taragoña foi o lugar onde se tinha obtido o último sinal de telemóvel.
O conteúdo do telemóvel foi analisado mas o juiz reconheceu que não havia “nenhuma evidência” relevante para o caso. Mas havia uma: através da análise da localização do telemóvel era possível concluir que Diana Quer entrou num carro.
A 10 de novembro de 2016, fonte da Guardia Civil avança que há “pelo menos um suspeito”. Mas o caso não avançava e as evidências não eram suficientes. O juiz concorda em arquivar o caso “por não existir evidências suficientes para direcionar a investigação perante o determinado suspeito”.
Mas no final do ano, a 29 de dezembro, as autoridades detiveram um homem pela tentativa de sequestro de uma jovem na cidade de Boiro, na Corunha. O homem, José Enrique AG, conhecido como “El Chicle”, espanhol de cerca de 36 anos, acabaria por se tornar o principal suspeito no desaparecimento da jovem madrilena Diana Quer. O detido tinha um historial de tráfico de drogas e agressão sexual.
Um dos principais suspeitos do rapto de Diana Quer foi detido na Galiza
Na verdade, El Chicle já tinha sido interrogado pelo desaparecimento de Diana. O detido vive em Outeiro, em Rianxo, a cerca de 15 km de Boiro e a cerca de dois quilómetros de Taragoña, onde um pescador encontrou o telemóvel de Diana Quer a 27 de outubro de 2016.
Suspeito admite e corpo é encontrado: Diana foi violada e estrangulada
Nos últimos três dias dos 496 do desaparecimento de Diana Quer, o caso fica resolvido. El Chicle confessa o crime. No primeiro interrogatório disse às autoridades ter atropelado acidentalmente a jovem e escondido o corpo com medo. Mas as autoridades não ficaram convencidas por esta versão e pressionaram o suspeito.
Num segundo interrogatório, El Chicle confessou: depois de ter visto Diana Quer sozinha na rua, tentou violá-la e estrangulou-a depois de a jovem ter resistido. Assustado após o crime, o autor do crime levou o corpo no carro e moveu-o para um edifício industrial abandonado e mandou-o para dentro de um depósito de água– onde foi encontrado esta manhã.
Apesar do tempo decorrido desde a morte, o corpo de Diana Quer estava em boas condições. A primeira confirmação veio de imediato: o corpo é o de Diana — embora se vá realizar testes de ADN para ter a confirmação oficial.