Recusando usar o termo geringonça — “é brilhante como palavra, mas não se deve aplicar, tem uma conotação depreciativa” –, Jorge Sampaio elogiou, em entrevista publicada este sábado na revista do Expresso, a “fórmula governativa” de António Costa.

“Deve-se a António Costa o talento de ter percebido que tinha condições para poder liquidar a ideia do arco da governação tradicional. E de permitir à Assembleia da República desempenhar a sua função essencial, que é a de decidir se o governo e o seu programa passam ou não passam. Se não passam não há governo. Com a nova fórmula governativa rompeu-se um tabu e quebrou-se um ciclo. Isso foi muito positivo para a vida portuguesa, independentemente do que acontecer a seguir. E foi positivo, finalmente, depois de tantos anos, o PCP e o Bloco de Esquerda terem chegado a fazer esta coligação de Governo”, começou o ex-presidente da República.

Sobre o futuro da coligação, Jorge Sampaio disse que é hora de PCP e BE decidirem se querem manter-se no poder ou preferem “baixar à wilderness outra vez e ficar de novo de fora”. “O PCP é um partido de poder quando possível. E, portanto, vai avaliar muito seriamente se quer deixar de o ser e ficar acantonado nos seus 7% ou 8%. O BE é parecido: o que é afinal o BE? É uma força que não tem força eleitoral autárquica, tem um conjunto de gente interessante, a começar pelo seu fundador principal, que é uma fugira única, brilhantíssima.”

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