“José Sócrates pode ter a vertigem de se apresentar como candidato presidencial”, numa tentativa de “politizar” o processo judicial de que é figura central — a Operação Marquês –, admite Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário habitual na SIC, este domingo. Um pouco à imagem de Lula da Silva, que no entanto tem um grande partido atrás de si, Sócrates pode criar uma “surpresa desagradável” no Partido Socialista (PS) e perfilar-se como candidato à Presidência da República, contra Marcelo Rebelo de Sousa que, acredita Marques Mendes, deverá recandidatar-se a novo mandato.

Uma candidatura de José Sócrates a Belém é “um ato de desespero, de loucura mas pode suceder. Na cabeça dele, isto não é impossível”. “Pode fazer parte da sua estratégia de defesa no processo judicial que está em curso. E, quanto mais o seu julgamento se atrasar, mais esta hipótese pode ganhar força na sua cabeça”, atira Marques Mendes, que considera que “se isto suceder, é um monumental embaraço para o PS”.

Sócrates já teve essa tentação no passado e pode ter essa tentação no futuro. Se o PS não o apoiar, vai ter algumas divisões internas porque José Sócrates tem alguns apoios. Se o PS apoia, é um suicídio político, total e completo”.

O PS está a cometer um primeiro “erro por estar a falar das presidenciais antes de tempo, sobretudo antes das eleições legislativas, porque uma das armas de António Costa é mostrar que se dá bem com Marcelo. Se começa a falar, ou se permite que o PS fale de ter o seu próprio candidato presidencial, [António Costa] pode perder esta vantagem”. Além disso, Marques Mendes diz que o PS tem outro risco: o de ter um candidato que sofra uma “derrota humilhante”.

Num espaço de comentário em que não comentou um dos grandes temas do fim de semana, as buscas no Ministério das Finanças por suspeitas de recebimento indevido de vantagem por Mário Centeno, Marques Mendes falou de José Sócrates na altura em que fazia uma apreciação positiva da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, que “provou que estavam errados aqueles que diziam que fala demais e aparece demais”. “Ganhou popularidade”, ao mesmo tempo que “dignificou a função presidencial”, elogia Marques Mendes.

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