O diretor adjunto do FBI demitiu-se esta segunda-feira na sequência das críticas feitas publicamente por Donald Trump, avança a BBC. O presidente norte-americano tinha acusado Andrew McCabe de parcialidade política e há uma semana que era de conhecimento público que Trump o queria fora da direção do FBI.

Entre as críticas que saíram da Casa Branca, está a candidatura de Jill McCabe, mulher de Andrew McCabe, ao Senado, pelo Partido Democrata, e o facto de ter recebido 675 mil dólares em donativos do partido e de um comité político dirigido por um aliado de Hillary Clinton.

Mas a Casa Branca rejeitou esta segunda-feira qualquer responsabilidade na saída de McCabe. “A Casa Branca não desempenhou qualquer papel nesta decisão”, assegurou esta segunda-feira a porta-voz do executivo, Sarah Sanders, na sua conferência de imprensa diária.

A demissão de McCabe tem efeitos imediatos, mas o ex-diretor adjunto ficará no registo dos funcionários da polícia federal até março, por razões administrativas.

Donald Trump parece ter centrado neste alto funcionário policial todo o azedume que lhe causa a investigação que procura esclarecer se a equipa de campanha do multimilionário norte-americano se concertou com os russos para influenciar os resultados das eleições presidenciais de 2016.

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Um exemplo disso foi quando o chefe de Estado repreendeu publicamente o seu procurador-geral, Jeff Sessions, por não ter despedido Andrew McCabe na altura em que este era diretor interino do FBI.

Pouco depois de demitir Comey da direção da polícia federal, Trump convocou à Casa Branca Andrew McCabe, a quem cabia a tarefa de dirigir interinamente o prestigiado departamento centenário de 30 mil funcionários ciosos da sua independência, e perguntou-lhe em quem tinha ele votado nas presidenciais, noticiou na semana passada o diário Washington Post.

Por sua vez, Eric Holder, procurador-geral dos Estados Unidos durante a presidência de Barack Obama, prestou homenagem ao diretor-adjunto do FBI, classificando-o como um “dedicado servidor do Estado”, e deixando subentendido que Andrew McCabe estava a “pagar as favas” pela ira que provoca em Donald Trump a investigação russa.

“Os ataques infundados contra o FBI e o ministério da Justiça com o objetivo de desviar as atenções de uma investigação criminal legítima mais não fazem que causar danos inúteis e duradouros nos fundamentos do nosso Estado”, comentou Holder.

Entre maio e agosto de 2017, McCabe substituiu o antigo diretor James Comey — que foi despedido pela administração Trump — na liderança da organização. Mas assim que Christopher Wray (nomeado pelo presidente) assumiu a direção do FBI, Andrew McCabe voltou a número dois.

Nos meses em que foi temporariamente diretor interino, McCabe foi confrontado com várias questões sobre o funcionamento interno da organização e as (alegadas) relações entre a campanha de Trump e responsáveis russos. Quando foi ouvido pelo Congresso norte-americano, McCabe garantiu que o organismo de investigação que dirige temporariamente não era abalado por pressões.

A nomeação de Christopher Wray foi aprovada pelo Senado norte-americano em agosto. Na semana passada, a Axios noticiava que o diretor tinha ameaçado sair do cargo depois de o procurador Jeff Sessions o ter pressionado a despedir Andrew McCabe.