Olaf Scholz, de 59 anos, será, ao que tudo indica, o novo ministro das Finanças alemão. Social-democrata, jurista com méritos reconhecidos e presidente da câmara da cidade-estado de Hamburgo, a escolha de Scholz está a ser entendida como um sinal de mudança na política alemã, pelo menos no plano simbólico: o sucessor de Wolfgang Schäuble será, pelo perfil que lhe é atribuído, mais compreensivo com a posição dos países do Sul da Europa e menos duro nessas negociações.

Neto de funcionários dos caminhos-de-ferro e filho de comerciantes da indústria têxtil, Olaf Scholz tem-se destacado por ser um defensor do aumento do salário mínimo nacional, por criticar um eventual desagravamento fiscal para as empresas e por estar, em teoria, mais próximo das posições dos países do Sul da Europa. A imprensa alemã caracteriza-o como mais conciliatório que Wolfgang Schäuble, o que poderá ter reflexos na posição da Alemanha nas reuniões do Eurogrupo.

Esta não será uma estreia para Scholz: entre 2007 e 2009, o alemão fez parte de um Governo de “grande coligação”, como ministro do Trabalho e dos Assuntos Fiscais, num Governo também liderado por Angela Merkel.

Apesar do perfil de aparente maior abertura de Scholz, sobretudo em comparação com o seu antecessor, e da aparente proximidade com a linha política seguida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, o futuro ministro das Finanças alemão está longe de ser um social-democrata clássico: considerado um liberal dentro do SPD, à esquerda há quem o considere uma “calculadora” que trouxe “era do gelo da poupança e de bloqueios” a Hamburgo, como escreve o Hamburger Abendblatt.

Há também quem o descreva como “frio”, “resiliente” e um “excelente estrategista”. A revista The Economist descreve-o assim: não tão duro como Schäuble, mas não tão diferente de Angela Merkel. “Quem estiver à espera de um Varoufakis alemão vai ficar desapontado”, avisa a publicação britânica.

Ex-deputado (primeiro entre 1998 e 2001, depois entre 2002 e 2011, quando foi vice-presidente do grupo parlamentar do SPD), Scholz assumiu-se como um crítico da liderança de Schulz, depois do desastroso resultado nas eleições passadas. A sua ascensão a ministro das Finanças é também uma prova do enfraquecimento do líder demissionário do SPD.

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