Em pequenas, fizeram dança, patinagem artística e ginástica, mas foi pelo hóquei no gelo que se apaixonaram. São duas irmãs inseparáveis, Hannah e Marissa Brandt, que vão agora defrontar-se nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Para surpresa de todos, as duas vão representar dois países diferentes.

Hannah, de 23 anos, vai competir pela equipa dos Estados Unidos, enquanto Marissa, de 25, vai representar a equipa sul-coreana, país onde nasceu e viveu apenas até aos quatro meses, altura em que foi adotada pelos pais biológicos de Hannah.

Com os Jogos de 2018 prestes a começar (têm início esta sexta-feira e prolongam-se até 25 de fevereiro), Marissa Brandt está entusiasmada por ter a família e a irmã na Coreia. A verdade é que há hipótese de as duas equipas se defrontarem, mas Marissa confessa estar mais entusiasmada por partilhar a experiência com a família do que “com qualquer outra coisa”.

Sonhos cruzados

As duas raparigas tornaram-se inseparáveis. À NBC News, Marissa conta que a mãe as colocava a fazer todas as atividades juntas e que adorava fazer patinagem artística, mas “Hannah odiava”. Hannah deixou a patinagem e dedicou-se ao hóquei, tendo atingido “um certo nível”. Alguns anos depois, a irmã quis juntar-se a ela — “senti falta de estar com ela”, contou Marissa à Inside Edition.

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Desde os 10 anos que competiam juntas, pelas mesmas equipas. Mas a faculdade separou-as e, no último ano, Marissa recebeu um telefonema de Rebecca Baker, a treinadora de hóquei no gelo da equipa da Coreia do Sul (que soube da sua existência através do marido, que era treinador na Universidade do Minesota, onde Marissa estudava), a convidá-la para que se juntasse à equipa. Duas semanas depois voou para o país de origem — onde não tinha voltado desde que foi adotada.

Hanna sonhava competir nos Jogos Olímpicos na modalidade de hóquei no gelo, enquanto Marissa tinha ambições que não se centravam tanto no desporto, razão pela qual ficou surpreendida com o telefonema vindo da Coreia do Sul.

“Quando era mais nova, nunca sonhei com os Jogos Olímpicos, isso era coisa da Hannah”, disse Marissa, acrescentando que, para ela “era apenas jogar hóquei na faculdade”, mas que quando recebeu o telefonema não hesitou.

De volta ao país de origem…

Voou sozinha até à Coreia para integrar a equipa de hóquei no gelo. A adaptação foi facilitada pelo apoio da família e, principalmente da irmã, mas também das outras companheiras de equipa, oriundas do Canadá e dos EUA.

Quando cheguei pela primeira vez, fiquei completamente aterrorizada. Eu não falava a língua e não conhecia ninguém. Mas as raparigas foram muito acolhedoras. Elas ensinam-me coreano e eu ensino-lhes inglês”, conta Marissa.

Em 2016, Marissa conseguiu obter cidadania coreana, o que lhe permite competir com o nome de nascimento, Park Yoon-Jung. Hannah afirma que se não fosse este convite, a irmã nunca teria conhecido a cultura do país onde nasceu como agora conhece — “ela agora está orgulhosa do sítio de onde vem”.

Marissa conta que quando era pequena, não queria ser coreana: “Só me queria parecer com a minha irmã”. Mas, agora, representar o país onde nasceu é algo que a deixa muito orgulhosa e muito mais ligada às suas raízes. Resta saber se realmente as duas equipas se vão defrontar. Se isso acontecer, teremos duas irmãs, dois países e um desporto em jogo.