Procurou-se a unidade entre duas facções, mas a maior distrital do País — o Porto — ficou de fora das principais negociações no Congresso. E revoltou-se: neste momento, há cerca 150 (apetecíveis) delegados à procura de lista para integrar ao Conselho Nacional. Os delegados da distrital do Porto almoçaram este sábado no Hotel Ópera Vila Galé, mas o líder da estrutura só tinha para lhes oferecer uma mão-cheia de nada: Bragança Fernandes (que apoiou Santana Lopes) explicou que não conseguiu negociar, nem com Santana nem com Rio e chegou a confessar que nem Salvador Malheiro nem João Montenegro lhe “atendem o telefone“. Viseu também está descontente, mas tem menos tropas (apenas 29 delegados) para fazer mossa.
O líder da distrital do Porto solicitou aos delegados que procurassem integrar-se nas listas, pois não tinha conseguido negociar lugares com ninguém. Vários dos delegados do Porto levantaram-se e demonstraram o seu descontentamento. Várias fontes presentes no almoço acusam Bragança Fernandes de ter “uma liderança fraca”, uma vez que não conseguiu defender a distrital do Porto (que tem 113 delegados eleitos diretamente, aos quais se juntam as inerências e os delegados da JSD do Porto).
Bragança Fernandes, contam ao Observador delegados do Porto apoiantes de Rio, só solicitou ao novo líder dois lugares nos órgãos, além do Conselho Nacional: um para si, como vice-presidente da Mesa do Congresso, outro, na Comissão Política Nacional, para a mulher, a deputada Emília Santos. Horas mais tarde, em declarações ao Observador, Bragança Fernandes desmentia esta acusação: “Nunca pedi lugares. Nem para mim, nem para a Emília“.
A liderança de Bragança Fernandes já estava enfraquecida, uma vez que apoiou Santana Lopes e nem na Maia conseguiu que o candidato que apoiou vencesse. Agora ficou ainda mais em xeque. Os delegados mais próximos de Bragança Fernandes, por sua vez, vêem este fechar de portas de Rio como uma estratégia para secar o atual líder distrital, retirar-lhe autoridade e forçar a sua saída.
O Observador contactou Bragança Fernandes, mas não obteve resposta até à publicação desta notícia.
Os delegados do Porto estão agora “sem-abrigo” e indecisos entre criar uma lista ao Conselho Nacional ou juntarem-se a listas já existentes ou em formação. O vice-presidente da distrital de Santarém, João Moura, estava na expectativa de organizar uma lista (tal como fez em 2016) e integrar alguns dos delegados do Porto. Esta revolta pode prejudicar os resultados da lista de Rio e Santana ao Conselho Nacional.
Líder distrital de Viseu a ferver (e sem lugares)
O líder da distrital de Viseu, Pedro Alves, fez parte do grupo minoritário de deputados que apoiou Rui Rio. Mas, também ele, revoltou-se pela forma como Rui Rio está a gerir a distribuição de lugares. Em declarações aos jornalistas, Pedro Alves disse mesmo:
“Não sabemos o que neste momento Rui Rio quer de Viseu, tendo em conta que esta distrital não foi convidada para os órgãos nacionais”.
É uma afronta direta ao líder do partido. Pedro Alves acrescentou ainda que “as listas não são um negócio” e devem servir para “dar um sinal político”.
Fontes próximas de Rui Rio entendem que a postura de Pedro Alves não tem a ver com a distribuição de lugares de Viseu, mas com o facto de ter alimentado a esperança de ser secretário-geral e de ver que isso não se concretizou. Como a escolha deverá recair em Feliciano Barreiras Duarte, Pedro Alves terá ficado zangado com Rio.
Durante a tarde de sábado vão continuar os pequenos e grande caciques nas listas para o Conselho Nacional. Pode até haver casos de caciques que aceitam lugares na lista ao Conselho Nacional, mas, como têm a eleição garantida, desviam os votos que “controlam” para outras listas. Até às 19h, as listas estarão fechadas e serão, depois, afixadas nas portas de entrada do Congresso. A votação será feita no domingo de manhã.