A Rússia disse esta segunda-feira que o cessar-fogo na Síria, exigido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, só vai acontecer quando todos os beligerantes concordarem nas formas de o aplicar em todas as regiões em guerra no país.

“O cessar-fogo começará quando todos os beligerantes do conflito estiverem de acordo sobre como ele deve ser implementado para garantir que a cessação das hostilidades é total e se aplica a toda a Síria”, disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, em conferência de imprensa. “Aqui dificilmente há espaço para interpretações, nem pode haver interpretações sobre a quem se estende a trégua proposta”, frisou.

Lavrov, afirmou ainda que a resolução da ONU, que pede uma trégua de trinta dias na Síria, não afeta as ações do Governo de Damasco, apoiadas pela Rússia, contra os terroristas que atuam no país. Entre os grupos terroristas, o ministro russo mencionou o grupo Estado Islâmico, a Frente al Nusra e “todos os que com eles colaboram”.

“O cessar-fogo não afeta de nenhuma maneira as ações levadas a cabo pelo governo sírio, com o apoio da Rússia, contra todos os grupos terroristas”, em conferência de imprensa Lavrov, que esta segunda-feira teve uma conversa por telefone com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva. Acusou os Estados Unidos de levarem a cabo um plano para “destruir a Síria” e de criar “quase-estados” no seu território, para o qual continuará a sua campanha mediática para denegrir as forças governamentais sírias.

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Lavrov mencionou o Observatório Sírio de Direitos Humanos entre as fontes a partir das quais a informação que faz parte da estratégia dos Estados Unidos irá fluir. “Jamais apoiaremos ações que permitam aos terroristas fugir às suas sanções”, enfatizou Lavrov, acrescentando que já se observam intenções de aproveitar a resolução do Conselho de Segurança da ONU para outros fins.

Organizações médicas e de defesa dos direitos humanos dão conta de que os ataques na Síria, nomeadamente em Ghouta Oriental, continuam, ou seja, o cessar fogo aprovado sábado não entrou efetivamente em vigor.

Desde o início dos ataques de Damasco contra Ghouta Oriental, a 18 de fevereiro, morreram pelo menos 521 civis, segundo os números divulgados pelo observatório sírio dos direitos humanos.