O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou o PS de ser “incapaz de se afirmar claramente de esquerda”, afirmando que nas questões laborais os socialistas estão “do lado do capital”.

Intervindo num almoço-comício na Aldeia de Paio Pires, Seixal, para assinalar os 97 anos do PCP, Jerónimo de Sousa reforçou críticas que tinha deixado ao PS numa iniciativa no sábado em Lisboa, sobre o “posicionamento de classe” dos socialistas.

Jerónimo de Sousa assinalou que o PSD e o CDS-PP criticam o “governo das esquerdas” — aludindo ao acordo entre o PCP, BE e o PS para a viabilização do governo minoritário socialista — mas, no parlamento, “alinham com o PS” quando se trata dos direitos dos trabalhadores.

“Porque eles sabem que o PS é incapaz de se afirmar claramente como um partido de esquerda, como uma força de esquerda”, sustentou.

“Estamos a falar de salários, de direitos, da reposição de horários de trabalho, da contratação coletiva (…) o PS não está nessa, está do lado do capital, está do lado dos interesses de classe”, acrescentou.

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Perante centenas de militantes e reconhecendo no comício, no Seixal, alguns trabalhadores da fábrica da Autoeuropa, em Palmela, Jerónimo de Sousa disse que o PCP foi “fustigado por uma onda ideológica que o acusava de querer destruir” a fábrica de automóveis, responsável por grande parte do emprego no distrito.

“Nós queremos que ela cresça, mas que isso não seja incompatível com a existência do trabalho, do seu direito ao horário, do seu direito ao salário. Foi isso que esteve me causa na Autoeuropa”, justificou.

O secretário-geral comunista voltou a referir-se também ao “caminho de consensos” que disse ver entre o PS e do PSD, afirmando recear que aqueles partidos comecem pela “descentralização” para “voos mais largos em que a Segurança Social volta a marcar lugar”.

Jerónimo de Sousa disse que “há elementos positivos na situação do país”, nomeadamente o crescimento económico, as “melhorias nas pensões e nos salários, o desagravamento fiscal do trabalho”, entre outros.

Tais “avanços”, disse, só ocorreram por causa “da influência do PCP e da sua intervenção”, já que, “noutras circunstâncias, o PS nunca os adotaria como não adotou no passado”.

Contudo, “há problemas que carecem de resposta” e que não são enfrentados porque o “PS, em convergência com o PSD e o CDS, confirma a sua submissão às imposições do euro e da União Europeia”, acrescentou Jerónimo de Sousa.

Antes de Jerónimo de Sousa, a dirigente concelhia Susete Oliveira alertou para alguns dos problemas da região, criticando a supressão de carreiras na travessia fluvial entre Lisboa e o Seixal: “não é possível ter um único barco a fazer piscinas no Tejo como acontece nestes dias”, criticou.