No momento em que Ashley Judd, Annabella Sciorra e Salma Hayek entram juntas em palco, no decorrer da 90º edição dos Óscares, são dispensadas quaisquer explicações. É este o derradeiro momento dedicado em exclusivo ao movimento “Time’s Up”, que nasceu do escândalo de assédio sexual que, desde outubro do ano passado, tem assombrado a indústria do cinema.
“Este ano muitas [pessoas] falaram a sua verdade. A viagem ainda é longa, mas, aos poucos, um novo caminho está a emergir”, diz Sciorra ladeada de Judd e Hayek perante uma sala cheia. Estas são das atrizes mais conhecidas que falaram publicamente contra Harvey Weinstein, o produtor norte-americano caído em desgraça, depois de uma reportagem do The New York Times ter exposto anos e anos de acusações de assédio sexual — numa onda que já chegou, inclusive, a diferentes áreas de trabalho e a diferentes países.
"I want people to know that this movement isn't stopping." Ashley Judd and Mira Sorvino showed up to the #Oscars2018 together to support the #MeToo movement https://t.co/o99blHhfkF #Oscars pic.twitter.com/OAHtpLLb21
— Insider (@thisisinsider) March 5, 2018
“Saudamos os espíritos indomáveis que deram luta e quebraram as percepções enviesadas contra o género, a raça e a etnia para contar as suas histórias”, diz Salma Hayek, visivelmente emocionada, de maneira a apresentar um curto video sobre igualdade, diversidade e inclusão — valores que, nas palavras de Judd, são as derradeiras promessas do ano 2017.
O vídeo de poucos minutos é protagonizado por rostos conhecidos, de Mira Sovirno, que foi excluída de vários filmes a mando de Harvey Weinstein, a Geena Davis, protagonista de “Thelma e Louise”, e Barry Jenkins. Em causa estão pequenos excertos em que as diferentes personalidades intervêm para explicar como os movimentos “Time’s Up” e “#MeToo” servem para “dar voz a algo que tem acontecido desde sempre”, não só em Hollywood, mas em todos os aspetos da vida. “Foge“, “Mudbound – As Lamas do Mississípi”, “Lady Bird”, e “Pantera Negra” são alguns dos filmes representados enquanto símbolos da agora tão promovida diversidade.
Escreve o The Guardian — que, à semelhança do Observador, também acompanhou a cerimónia em direto, através de um live blogue — que esta foi “uma montagem rara que, esta noite, valeu realmente a pena”.