O Benfica prepara o contra-ataque no processo e-toupeira. Ao que o Observador apurou junto de uma fonte dos encarnados, o clube liderado por Luís Filipe Vieira vai enviar para a Procuradoria-Geral da República documentação recolhida na internet que indiciará que o segredo de justiça do processo e-toupeira está a ser violado desde de fevereiro.
Está em causa uma informação interna da Polícia Judiciária (PJ) de 29 de setembro de 2017, noticiada aqui pelo Observador, que está na origem do inquérito que levou à detenção de Paulo Gonçalves, diretor do Departamento Jurídico do Benfica e braço direito de Luís Filipe Vieira, e que circula na internet em diversos blogues ligados a adeptos do Sporting desde fevereiro — mas que terá chegado ao conhecimento de Gonçalves pouco depois de ter sido escrita. Um desse blogues é o “Mister do Café”
Com um post intitulado “o caso da toupeira” e publicado às 14h00 de 9 de fevereiro último, o autor anónimo do blogue publicou uma informação interna dirigida por Pedro Fonseca, coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e um dos principais quadros da PJ, para Saudade Nunes, à diretora da UNCC. Na referida informação, o coordenador da PJ informava a superior hierárquica que tinha recebido um telefonema anónimo a 27 de setembro que denunciava a existência de “um canal privilegiado «no Campus de Justiça» (sic), por parte de responsáveis do Sport Lisboa e Benfica”, lê-se no documento da PJ. Pormenorizando de seguida todas as informações que tinham sido transmitidas e propondo, no final, a instauração de um inquérito por alegada violação do segredo de justiça.
Como a rede de toupeiras do Benfica foi descoberta pela Polícia Judiciária
Antes do “Mister do Café”, um site anónimo chamado “Mercado de Benfica”, que tem revelado em exclusivo os emails que terão sido retirados dos servidores do clube encarnado e outra informação confidencial do Benfica, já tinha divulgado o mesmo documento a 3 de fevereiro.
Esta informação de serviço estará na origem da Operação e-toupeira. Ao que o Observador apurou, a PJ suspeita que o documento terá sido transmitido a Paulo Gonçalves por José Silva, funcionário do departamento informático do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ), que terá retirado o mesmo do sistema informático utilizado pelo DIAP de Lisboa. Não existe qualquer indício de que a fuga de informação tenha partido da Judiciária.
Será com base neste mesmo documento que o Benfica vai agora alegar junto da Procuradoria-Geral da República que a violação do segredo de justiça do inquérito e-toupeira ocorreu, pelo menos, desde fevereiro.