Rui Rio teve “um mês complicado”, passou por um “conjunto de atrapalhações inesperadas”, que eram “evitáveis”, mas que “criam ruído e dificuldade de afirmação e não favorecem o trabalho do novo líder”. É assim que Pedro Santana Lopes avalia os primeiros trinta dias de Rui Rio à frente do PSD, numa entrevista à SIC Notícias. Mais: em relação ao “caso Berkeley” de Feliciano Barreiras Duarte, o candidato derrotado a líder do PSD diz que a situação é “embaraçosa” e pede para ser “esclarecido o mais depressa possível”.
Pedro Santana Lopes sugeriu a Barreiras Duarte que fizesse um “pedido de desculpas” por se ter apresentado ao longo de anos com um estatuto que nunca exercera, de visiting scholar na Universidade de Berkeley. Pedir desculpas “é bonito na vida”, como na política. “Nunca percebi porque é que se escreve uma coisa que não se foi. Isso é que me faz muita confusão”, criticou Santana. “Nunca foi à universidade, nunca foi aos EUA”, salientou, para referir também as cartas da professora “embrulhadas ou contraditórias”.
Apesar de pedir esclarecimentos, Santana também acaba por criticar Rui Rio por se ter limitado a aceitar a correção do currículo. “Tenho visto que foi escrito durante anos que disse que era visiting scholar. E não foi. Rio já disse que corrigiu o currículo. Mas porque é que pôs?”, argumentou.
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O facto de Rui Rio já ter três pessoas do seu círculo mais próximo investigadas pelo Ministério Público — Elina Fraga, Salvador Malheiro e agora Feliciano Barreiras Duarte — levou à questão do banho de ética, um princípio enunciado por Rui Rio logo no discurso de candidatura à liderança do PSD. ”Essas afirmações de superioridade moral são sempre muito complicadas. Rio nem precisava de as fazer porque tem um percurso de vida irrepreensível. Bastava ele aparecer para a pessoas não terem dúvidas de que queria ser exigente nessa matérias”, defendeu.
“Às vezes fazemos escolhas com as melhores intenções que não correm bem”, acabou por dizer Santana, embora também dissesse que “o problema é quando as pessoas dão cabo do seu próprio estado de graça”. Acabou por fazer um rol de críticas e reparos a Rui Rio. O discurso complacente para com a nova liderança ficou-se pelo congresso.
Questionado sobre o objetivo de Assunção Cristas anunciado no congresso do CDS de ultrapassar o PSD, Santana começou por considerar que não acreditava nessa possibilidade. No entanto, perante o cenário de o CDS voltar a ter os 16% que teve em 1976 à custa do PSD, disse ser “era muito aborrecido” para os sociais-democratas baixarem a fasquia para 20%. “Uma diferença de 5% alteraria o panorama por completo”, afirmou Santana acrescentando que é um erro desvalorizar os adversário.
Sobre ser ou não ser candidato às europeias voltou a dizer que não estava na sua cabeça. “Não sei se passa pela cabeça do presidente do partido, mas pela minha não. Quero agora estar livre de eleições. A vida de hoje em dia é tão inesperada, tão cheia de coisas novas. Disputar eleições não. Preciso de estabilidade, por razões várias”, concluiu.