Pedro Santana Lopes considera que o atual presidente do PSD não tem conseguido lidar com os últimos acontecimentos polémicos e que está na altura de “inaugurar a liderança do partido”. No novo espaço de comentário semanal que tem na SIC Notícias, Santana Lopes diz que Rui Rio deve começar a pôr em prática temas que quer ver discutidos pelo partido.

“O PSD que existe neste momento devia ser o de preparar uma alternativa ao governo socialista, mas o partido está inquieto”, frisa o ex-candidato à liderança do partido. “Com a notícia de que o PSD preferia não apostar tanto nas legislativas de 2019, mas sim preparar-se para as autárquicas de 2021 é ir contra a natureza do partido”, diz. Para o comentador, qualquer partido deve querer ganhar “todas as eleições”.

“Ele [Rui Rio] tem de pensar que estamos num tempo em que o PSD está ameaçado, porque o PS quer a maioria absoluta para controlar a esquerda e a direita, o CDS, tem um projeto hegemónico, e Assunção Cristas quer chegar, a uma velocidade super sónica a primeira-ministra”, sublinhou Santana Lopes.

Sobre a polémica que se tem feito sentir no partido com a saída de Feliciano Barreiras Duarte e com a chegada de José Silvano — um assunto que já devia ter sido “resolvido antes” — o antigo candidato à liderança do partido diz que espera que o “alerta laranja” passe no PSD, “à medida que também tem passado nas condições atmosféricas no país”.

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Barreiras Duarte mostrou alguma resistência à saída do partido e, em certa medida, compreendo e não achei que fosse justo, mas também não o ouvi a pedir desculpa, apenas o ouvi a insistir na tese da cabala montada contra ele”, referiu Santana Lopes.

Na semana anterior, Santana  Lopes tinha dito que Feliciano devia ter pedido desculpas. Agora, alegou que muitos aspetos não foram explicados. “Por exemplo, as ajudas de custos, ele [Barreiras Duarte] tentou explicar que lhe compensava mais dar a morada do Bombarral e não a de Lisboa”, refere Santana Lopes, para quem a Assembleia da República devia clarificar, desde já, como devem funcionar estas ajudas de custos.

Mas este não foi, para o político um “caso fabricado”. Para Pedro Santana Lopes os assuntos “aparecem em catadupa” nos meios de comunicação e de repente diz-se “tudo o que há para dizer sobre uma pessoa”. E, para o comentador, devem sempre tirar-se “ilações positivas deste tipo de casos”.

Para Santana Lopes, a maneira como Rui Rio geriu esta saída também não foi a melhor. “Não gostei de ver a maneira como Barreiras foi convidado para sair do partido”, porque havia maneira de resolver a situação com uma “conversa direta e frontal”.

Sobre a nova escolha para secretário-geral do partido, José Silvano, O ex-primeiro-ministro diz que há um toque cavaquista, por parte de Rui Rio. “Cavaco Silva surpreendia sempre, não gostava de escolher ninguém que já tivesse sido falado, tal como agora fez Rui Rio, que escolheu José Silvano para marcar o seu cunho pessoal”, frisa Santana Lopes.

“Depois de vários nomes Rui Rio também surpreendeu e escolheu uma pessoa que é distante da ‘corte'”, acrescentou, referindo-se à expressão usada por Rio para se dirigir ao partido em Lisboa.