A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem um “valor ambicioso” para a subida das comissões, revela o presidente-executivo do banco público em entrevista ao jornal Eco. Paulo Macedo revela que “as comissões mais importantes para a Caixa são as que estão associadas ao crédito e, em segundo lugar, ao sistema de pagamento” e confirma que está nos planos do banco público para este ano fechar 70 a 80 balcões, como prevê o Plano Estratégico.

Paulo Macedo sublinhou que o aumento das comissões que a Caixa teve no ano passado — de 3%, segundo o gestor — foi, em média, cerca de 60% dos restantes bancos. Daqui para a frente, as comissões em que o banco vai incidir mais, além das associadas ao crédito e aos sistemas de pagamento, são as comissões com seguros e com gestão de ativos. Só depois, diz Macedo, vêm as comissões nas contas à ordem.

A Caixa não tem de ter, e não tem com certeza, as comissões mais baixas em cada produto, mas claramente quer dizer aos seus clientes que terá das comissões mais baixas do mercado.

A mensagem de Paulo Macedo vem em linha com o que o gestor afirmou há dias no parlamento, no dia em que foi explicar o plano de reestruturação aos deputados. Macedo assumiu o compromisso que a Caixa irá comparar sempre bem com os outros bancos em relação a clientes mais desprotegidos, jovens e reformados. E garantiu que há 3,5 milhões de clientes com isenções das comissões de manutenção de conta.

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Perante as críticas dos deputados à direita e à esquerda aos três aumentos de comissão feitos já por esta administração, Macedo contra-argumentou: Como é que se pode reduzir as receitas num negócio que está a dar prejuízos? E devolveu a pergunta ao deputado do PCP, Paulo Sá: “Se não forem as comissões bancárias e os juros quais são as receitas?” A resposta veio pouco tempo depois. A comissão corresponde a um serviço que é cobrado e as pessoas não percebem as comissões cobradas. “Não é legítimo criar comissões só para aumentar as receitas e que não fazem nenhum sentido. Isso é um assalto”, concluiu Paulo Sá.

Paulo Macedo sublinhou também que a Caixa lidera em vários indicadores, menos nas comissões, onde a receita cobrada estará a 60% da praticada por outras instituições. E cobra hoje menos comissões do que cobrava há anos atrás (em percentagem de negócios).

O gestor sublinhou por várias vezes a necessidade da Caixa ser competitiva e rentável.  Tal como outros bancos, a Caixa confronta-se com uma grande “disrupção” no sistema financeiro com a concorrência das fintech (serviços financeiros oferecidos por empresas de tecnologia). Se não fizesse nada, e com os prejuízos do passado, a “Caixa desaparecia” porque não pode estar sempre a pedir dinheiro ao Estado. Apesar de admitir que as agências no interior são uma questão importante, deixou a nota: “Temos que nos organizar”. Como é que se podem manter os balcões e atingir uma taxa de rentabilidade do capital de 9%, como exige a Comissão Europeia, o que já é uma meta “difícil”?

Paulo Macedo. Ser líder “não passa por ter mais balcões e pessoas que clientes não querem pagar”