As autodenominadas Forças Armadas de Cabinda (FAC) reivindicaram hoje a autoria de um ataque naquele enclave angolano que terá provocado quatro mortos entre as forças militares de Angola, o primeiro do género em 2018.
A informação consta de um “comunicado de guerra” do braço armado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), enviado hoje à agência Lusa, que refere que a operação, alegadamente ocorrida na sexta-feira, resultou de um ataque a uma posição das Forças Armadas Angolanas (FAA) na área de Bembica, junto ao rio Chiloango, na região militar de Necuto.
Desde 2016, com o reativar dos ataques, aquela organização já reivindicou vários ataques em Cabinda e a morte de dezenas de militares angolanos, informação sempre negada pelo Governo e chefias militares de Angola.
O alegado ataque de sexta-feira, segundo FLEC/FAC, levou à morte de quatro soldados das forças angolanas e um guerrilheiro daquela organização.
“A FLEC/FAC reafirma disponibilidade para estabelecer um diálogo franco e sério com o Governo de Angola para preparar o fim do conflito em Cabinda”, refere o mesmo comunicado.
Aquela organização independentista defende que o Tratado de Simulambuco de 01 de fevereiro de 1885, que tornou aquele enclave um “protetorado português”, continua em vigor, lutando há quase 50 anos, através de várias fações, pela independência do território.
A 08 de novembro, o Presidente angolano, João Lourenço, presidiu em Cabinda à primeira reunião descentralizada do conselho de ministros de Angola no atual mandato.
“Dar o sinal de que Cabinda é importante para nós. Vamos encarar Cabinda como um caso muito particular. Eu, pessoalmente, vou seguir de perto todos os projetos de Cabinda, todos os projetos para Cabinda, no sentido de podermos, nos próximos anos, reverter o atual quadro que a província vive e que, lamentavelmente, não é dos melhores”, afirmou, na ocasião, João Lourenço.
Durante a reunião do conselho de ministros, o governador de Cabinda, general Eugénio Laborinho, pediu ao Governo angolano a revisão ao Estatuto Especial daquela província, nomeadamente através de um regime fiscal diferenciado, para captar investimento.
“Propomos, senhor Presidente, que seja analisada a possibilidade de se atribuir a Cabinda um regime fiscal que conceda atrativos, benefícios e demais incentivos às empresas que pretendam cá investir, bem como aquelas que estão aqui sediadas”, disse o governador provincial.
Para Eugénio Laborinho, a situação atual daquele enclave leva à “necessidade” de dotar Cabinda “de alguma diferenciação do ponto de vista administrativo e financeiro, sem, contudo, colocar em causa os princípios da igualdade e da unidade nacional”.
“A especificidade geográfica de Cabinda, designadamente o facto de não possuir ligação terrestre com o resto do território nacional, torna a província dependente das ligações aéreas e marítimas para a entrada e saída de pessoas e bens”, recordou, durante o apelo feito diretamente ao chefe de Estado angolano.