A secretária-geral adjunta do Partido Socialista (PS) criticou a proposta a proposta do Bloco de Esquerda de criar um organismo que fiscalize os rendimentos dos políticos. Considera que “é um mau princípio e que “auto-flagelos só diminuem a força dos partidos”, comentou Ana Catarina Mendes em entrevista conjunta ao Público e à Rádio Renascença. Embora defenda que o tema da ‘transparência’ tenha sido lançado pelo próprio PS durante umas jornadas — e que a crítica à proposta dos seus parceiros de esquerda seja uma posição sua e não do partido –, Ana Catarina Mendes considera que este tipo de medidas passa a mensagem errada.

[Impôr] Polícias aos políticos é um mau princípio. Porque parte do princípio da suspeita sobre cada um dos políticos. E eu considero que as pessoas me devem escrutinar, mas não me considero sob suspeita.”

Ana Catarina Mendes admite também que o novo líder dos social-democratas revela uma “diferença na atitude” e está “mais disponível” para o diálogo com os socialistas — e há temas que poderão entrar numa agenda comum, como a descentralização e o Portugal 2030, . Isto apesar da oposição interna que Rui Rio enfrenta, diz, e que o colocam “entre a espada e a parede”.

Acho que Rui Rio está, neste momento, entre a espada e a parede, com uma oposição interna que não o deixa ser líder da oposição. Mas a vida é o que é – e eu espero que Rui Rio pelo menos nestes dois dossiês [descentralização e Portugal 2030] cumpra os sinais que já deu – e que são sinais muito positivos. E que também engrandecem a democracia: nós não temos que estar de costas uns para os outros.”

Ana Catarina Mendes adianta também que António Costa já definiu os quatro temas-chave para a próxima legislatura: clima, digitalização, demografia e desigualdades. Os problemas nos serviços públicos existem, “são graves”, mas são para resolver até à próxima legislatura, garante a dirigente socialista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À beira do próximo congresso do PS e a um ano das próximas legislativas, a secretária-geral adjunta considera que a reunião magna dos socialistas tem de ser “um congresso programático e a olhar para o futuro”. Isso significa, reforça, “saber quais são os problemas essenciais com que a sociedade portuguesa, a Europa e o mundo se confrontam”.

Depois dos incêndios deste Verão, ficámos mais sensibilizados ainda para o problema das alterações climáticas, não apenas porque dependemos muito da energia externa, mas também porque é preciso voltar a pensar na nossa organização em sociedade e de estar na vida. Temos, por outro lado, a sociedade digital: estamos confrontados com profissões que vão desaparecer a curto prazo e com profissões que ainda não conhecemos.”

Sobre um futuro governo socialista, Ana Catarina Mendes admite que gostaria de continuar a contar com o atual ministro das Finanças. “Contamos com Mário Centeno para continuar a conduzir o país nos bons resultados financeiros e económicos que temos tido, na nossa credibilidade externa. Seguramente será um activo muito importante no futuro do PS e nas próximas eleições”, avança.

E, ainda sobre as contas do país, diz, “não é por acaso que temos hoje Mário Centeno como presidente do Eurogrupo. Há dois anos muitos não acreditaram que cumprir este défice seria também voltar a ter a economia a crescer. Hoje podemos dizer que é o maior crescimento desde que entrámos no euro. Nunca tivemos um ministro das Finanças tão bem aceite pelos portugueses.”