A língua portuguesa tem tido uma procura crescente por lusodescendentes e sul-africanos, registando um crescimento de quase 40%, disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades, no final de uma deslocação de cinco dias à África do Sul.

“Tem-se registado um crescimento muito significativo na procura de língua portuguesa, não apenas por lusodescendentes de segunda, terceira ou quarta gerações, mas também de sul-africanos”, relatou José Luís Carneiro, por telefone, à agência Lusa.

Segundo o governante português, houve um aumento da procura na ordem dos 39%, desde o ensino básico ao secundário, principalmente como língua de herança, mas também como ensino integrado. Além disso, o português já é oferecido como língua de exame para acesso às universidades.

Carneiro disse que as autoridades sul-africanas demonstraram disponibilidade “para promover a língua portuguesa nas estruturas curriculares nas escolas” onde existem as maiores comunidades portuguesas e lusodescendentes e onde se observa maior procura de alunos sul-africanos.

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Durante a deslocação à África do Sul, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas esteve acompanhado pelo secretário regional da Educação do Governo da Madeira, Jorge Carvalho, responsável pela relação com as comunidades madeirenses no executivo regional. Na África do Sul residem cerca de 200 mil portugueses e lusodescendentes, estimando-se que cerca de metade sejam de origem madeirense.

Os responsáveis deslocaram-se a Joanesburgo, onde foram inauguradas as novas instalações do consulado geral de Portugal, a Pretória, e ainda a Vanderbilpark, Welkom e Bloemfontein, contactando com “comunidades que há 22 anos não eram visitadas por nenhum membro do Governo”, disse José Luís Carneiro.

Entre as principais preocupações transmitidas pelas comunidades portuguesas, o governante destacou as “de foro financeiro”, nomeadamente dos chamados lesados do BES e do BANIF, “apesar de reconhecerem o esforço do Governo para se encontrar uma solução global para o problema”. Por outro lado, o desenvolvimento da situação política naquele país, onde o ex-Presidente, Jacob Zuma, renunciou perante acusações de corrupção, “deixa alguma tranquilidade” entre os portugueses, comentou.

No final da visita, José Luís Carneiro deslocou-se à Cidade do Cabo, que se tem confrontado com a possibilidade de ficar sem abastecimento de água, devido à seca prolongada.

Nos contactos com autoridades locais e regionais, os governantes portugueses tomaram conhecimento das medidas implementadas e que permitiram reduzir o consumo diário de água de 600 milhões de litros para 520 milhões, nomeadamente a diversificação das fontes de abastecimento, o reaproveitamento de águas, a racionalização do uso e a dessalinização da água do mar.

“Já tínhamos identificado as instituições que continuariam a ter acesso a este recurso, mas felizmente conseguiu-se evitar o pior”, comentou.

No âmbito desta deslocação, o embaixador português em Pretória, Manuel Carvalho, em nome do Presidente da República, impôs a Comenda da Ordem de Mérito ao cirurgião pediátrico João Branco da Fonseca.

Além disso, foram atribuídas a Medalha de Mérito das Comunidades, grau ouro, a Margarida Costa Vieira, pelo trabalho desenvolvido pelo Lar de Idosos de Nossa Senhora de Fátima; a Samuel da Silva, presidente da Casa Social da Madeira, e também ao Centro Português de Cultura e Beneficência do Cabo.