O presidente norte-americano, Donald Trump, esteve reunido na noite de segunda-feira com vários generais e conselheiros para discutir uma possível ação militar em território sírio, em resposta ao ataque químico de domingo contra a cidade de Douma, que  matou dezenas de pessoas.

Síria. Conselho de Segurança deve reunir-se para discutir ataque químico que matou pelo menos 70 pessoas

Apesar de ter repetidamente defendido o não envolvimento dos Estados Unidos em conflitos militares como o sírio durante a campanha eleitoral, Trump não escondeu que está a equacionar uma possível ação militar como o ataque com mísseis que ordenou há cerca de um ano em resposta a um ataque com gás sarin do regime de Bashar al-Assad. “Temos muitas opções, em termos militares”, declarou o Presidente aos jornalistas, anunciando que deverá ser anunciada “em breve” a decisão, “provavelmente depois de o facto [estar consumado]”.

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A ação, garantiu Trump, deverá de alguma forma estender-se aos aliados de Assad na Síria, a Rússia e o Irão, caso se confirme que estiveram envolvidos de alguma forma no ataque químico. “Se for a Rússia, se for a Síria, se for o Irão, se forem eles todos juntos, vamos perceber e ter as respostas em breve”, disse. Questionado sobre se a Rússia de Vladimir Putin também seria visada por essa resposta norte-americana, Trump foi claro:

Toda a gente tem de pagar o preço por isto. Ele irá pagar, todos irão.”

A reunião, que durou menos de uma hora, terá sido fruto de alguma pressão por parte do Presidente francês, Emmanuel Macron, de acordo com uma fonte governamental citada pelo New York Times. A Casa Branca confirmou que os dois líderes falaram ao telefone no domingo e na segunda-feira. Macron tem dito que considera o uso de armas químicas na Síria uma ação inaceitável.

O encontro foi também o primeiro de John Bolton, o novo conselheiro de segurança da Casa Branca que foi embaixador nas Nações Unidas de George W. Bush. Bolton é conhecido por defender uma política externa norte-americana interventiva, mantendo-se ainda hoje um defensor da Guerra do Iraque, por exemplo. À saída da reunião com Trump, Bolton respondeu à pergunta sobre como estava a correr o seu primeiro dia com a frase “o que é que pode correr mal?”.

Rússia ameaça: “Ação armada sob um pretexto mentiroso pode levar a repercussões sérias”

A reunião de emergência de Trump ocorreu depois de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas onde os representantos dos Estados Unidos e da Rússia trocaram acusações.

A representante norte-americana Nikki Haley acusou os russos de terem as mãos “manchadas com o sangue das crianças sírias” e garantiu que “de uma forma ou de outra, os Estados Unidos irão responder”. “Há reuniões a decorrer e decisões importantes a serem tomadas enquanto falamos aqui”, garantiu Haley, segundo a BBC.

O embaixador russo, Vassily Nebenzia, afirmou que a Rússia está a ser “ameaçada sem perdão” e afirmou que não há qualquer prova de que o ataque a Douma ocorreu de facto. “Não houve qualquer ataque com armas químicas”, disse, citado pelo The Guardian. “Já comunicámos aos EUA que ação armada sob um pretexto mentiroso contra a Síria — onde, a pedido legítimo de um Governo de um país, tropas russas estão colocadas — pode levar a repercussões sérias.”

Rússia alerta para “graves consequências” em caso de ataques ocidentais na Síria

Haley propôs uma resolução sobre uma investigação ao uso de armas químicas que deverá ser votada esta terça-feira. Contudo, a resolução irá provavelmente ser chumbada, já que os russos consideraram que o texto contém “elementos inaceitáveis”.