Não sem alguma surpresa, Mathias Müller, CEO do Grupo Volkswagen desde 2015 e até 12 de Abril, foi afastado da administração, ele que até 2010 foi CEO da Porsche, sua subsidiária. No seu lugar aos comandos do grupo ascende Herbert Diess, até aqui responsável máximo pela marca Volkswagen. Uma troca que, para alguns analistas, tem a ver com o desejo do grupo germânico cortar com todos os que tiveram alguma relação com o escândalo Dieselgate, que teve lugar durante o período em que Müller liderava a Porsche, cujos motores foram igualmente afectados pelo problema.

Estas alterações ao mais alto nível foram acompanhadas por uma reorganização generalizada no que respeita às 12 marcas do grupo, com substituições na liderança da Audi e Porsche, além da criação de seis novas divisões e um entidade especialmente dedicada à China, o principal mercado do Grupo Volkswagen.

Müller substituiu Martin Winterkorn, CEO que foi afastado no seguimento do Dieselgate, mas em Maio de 2017 o ministério público de Estugarda, onde está localizada a sede da Porsche, anunciou estar a investigar Müller, para determinar o seu conhecimento do escândalo antes de este ser tornado público. De recordar que o episódio resultou da montagem em cerca de 11 milhões de veículos de um software malicioso destinado a conseguir números mais reduzidos das emissões poluentes, na fase dos testes de homologação, que já custou à Volkswagen AG, entre multas e reparações de veículos, cerca de 24,3 mil milhões de euros.

Herbert Diess, que sobressaiu durante a sua passagem pela BMW, onde foi responsável por um corte nos custos com fornecedores na ordem dos 4 mil milhões de euros, liderou os destinos da marca Volkswagen desde 2015. Sempre definido como “um homem de sucesso, ambicioso e com fome de poder”, Diess chega finalmente ao topo, herdando uma Volkswagen AG na liderança da indústria automóvel mundial, com resultados financeiros muito positivos, mas em vias de embarcar na revolução eléctrica que os accionistas de todos os fabricantes temem, em matéria de resultados. Os mesmos accionistas que optaram por colocar na liderança do grupo um ex-responsável pela BMW, a única marca alemã que – pelo menos até agora – nunca se viu envolvida no Dieselgate.

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