6 de novembro. Herrera, o capitão, não poderá esquecer nunca aquela noite, vai assombrá-lo, vai certamente assombrá-lo até ser velhinho na Tijuana natal. Podia ter feito tudo, tinha tempo para quase tudo, pedia-se que chutasse para longe, para fora do Dragão e até da Via de Cintura Interna se quisesse. Mas não. Acabaria, estranhamente, por “oferecer” um canto ao Benfica no derradeiro sopro dos visitantes. E depois do canto, Horta cruzou e Lisandro empatou um jogo onde os portistas foram superiores, muito superiores.

À 10.ª jornada, o Benfica distanciava-se na liderança. E não permitiria que alguém se aproximasse até ao fim.

Mostrar Esconder

Benfica-FC Porto, 0-1

Estádio da Luz, em Lisboa

Liga NOS 2017/18, Jornada 30

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo; Fejsa, Pizzi (Seferovic, 87′) e Zivkovic; Rafa (Salvio, 66′), Cervi (Samaris, 74′) e Raúl Jiménez

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, Eliseu e João Carvalho

Treinador: Rui Vitória

FC Porto: Casillas; Ricardo Pereira, Felipe, Marcano e Alex Telles; Sérgio Oliveira (Óliver Torres, 74′), Herrera, Otávio (Corona, 80′) e Brahimi; Marega e Soares (Aboubakar, 83′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Maxi Pereira, Reyes e Hernâni

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Herrera (90′)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Sérgio Oliveira (39’), Otávio (59′), André Almeida (61′) e Alex Telles (72′), Grimaldo (81′), Herrera (92′) e Casillas (94′)

Herrera não poderá esquecer nunca aquela noite. Como não esquecerá esta. 15 de abril. Passou-se uma época inteira. 891 longos dias e longas noites. E Herrera redimiu-se. O minuto era o 90. Outra vez. O adversário o Benfica, líder como então, mas agora a jogar em casa. O jogo decidia o líder e, quiçá, o campeão. E o líder é o FC Porto. É líder porquê Herrera se encheu de fé e disparou um remate forte e colocado no último minuto. O Benfica, e depois de uma primeira parte onde foi superior, estava já de rastos. Os portistas insistiam em romper grande área adentro, primeiro por Brahimi, depois Marega, mas a defesa do Benfica impedia-os sempre. A bola, caprichosa, sobraria à entrada da área, redondinha, e Herrera logo trataria de a rematar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Varela bem que se esticou mas era impossível lá chegar, tal a colocação e potência do remate do mexicano, que entraria no canto superior direito da baliza, a “gaveta”.

Mas façamos rewind na cassete da partida.

A primeira parte, apesar do ascendente do Benfica, foi sobretudo maçadora. A primeira ocasião de perigo, e há muitas aspas neste “perigo”, foi ao minuto 20. Rafa driblou Marcano à direita, cruzou, o cruzamento saiu mais remate e acertou no poste direito. Casillas tinha o lance sob controlo. Animado foi o minuto 45. Primeiro, e depois de um cruzamento de Cervi vindo da esquerda, Jiménez amorteceu de cabeça e isolou Pizzi. Apenas com Casillas à sua frente, o médio permitiu a defesa (e que defesa foi!) do espanhol. Logo em seguida, Ricardo Pereira cruzou rasteiro para o primeiro poste, Marega surgiria lá a desviar de primeira mas desviou pouco, muito pouco ao lado da baliza de Varela.

Após o recomeço, e logo ao minuto 48, outra Ricardo a cruzar, outra vez Marega a ter uma chance de agitar as redes. O maliano tinha Varela à sua frente, tentou rematar à saída do guarda-redes do Benfica da baliza mas este encaixou a bola à segunda. As oportunidades que escassearam na primeira parte escasseariam igualmente na segunda. E só ao minuto 66 se voltaria a escutar um brrruuuuuaaa no estádio. Contra golpe portista, Ricardo transporta a bola até perto da grande área, entrega-a em Brahimi e o argelino remata em jeito, na direção do poste direito. Passou perto, bem perto.

Depois, e ao minuto 90, a redenção.