Os dicionários têm a vida difícil no que toca a lançamentos e pré-publicações. São muito pesados para arremessar e demasiado importantes para serem pré-publicados. “O Desdicionário da Língua Portuguesa” não tem esse problema. A colecção de etimolgia amadora de Luís Leal Miranda é bastante portátil, relativamente aerodinâmica e absolutamente dispensável. Por isso pode ser lançada por quem assim o desejar.

Mas em vez de um pré-publicação, para escancarar os conteúdos desta antologia, faz-se uma pós-publicação, para exibir tudo aquilo que ficou de fora.

As razões pelas quais estas palavras não foram escolhidas para embarcar nesta arca de noé de expressões inventadas (uma arca de não é?) serão óbvias assim que as começar a ler. E lembre-se: se estas foram as palavras que ficaram por terra, enfrentando o dilúvio, imagine como serão as que embarcaram. Boas desleituras.

“Desdicionário da Língua Portuguesa”, de Luís Leal Miranda (Stolen Books)

gepeta

s. f. | Uma mentira inocente que ganha vida própria e foge ao nosso controlo.

hipopotimismo

s. m. | A ideia, muitas vezes errada, de que uns quilos a mais nos favorecem.

fície

s. f. | Uma superfície que perdeu os seus superpoderes.

pi-rex

s. m. | Um dinossauro que pode ir ao forno.

efptozleped

s. m. | O nome que se dá aos quadros com letras nos consultórios de oftalmologia.

hemoólico

s. m. | Termo pelo qual os vampiros preferem ser tratados.

cacocracia

s. f. | Forma de governo em que os soberanos são pessoas incompetentes.

burburil

s. m. | Peça de um frigorífico cujo único propósito é fazer um som agudo e repetitivo, inaudível durante o dia mas muito incomodativo à noite.

otopia

s. f. | Mundo imaginário, livre de interrupções, para onde fugimos sempre que colocamos os phones nos ouvidos.

redundalho

s. m. | Um saco de plástico que serve apenas para guardar outros sacos de plástico.

bibelotaria

s. f. | Sinónimo de “quermesse”.

vendavalium

s. m. | Uma brisa calmante num dia de muito calor.

nhamnhamnésia

s. f. | Perda total ou parcial da memória daquilo que comemos ontem ao almoço.

O Desdicionário da Língua Portuguesa (Stolen Books) saiu a 16 de Abril e está à venda nas livrarias.

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