Foi um dos fundadores do PS e é agora mandatário nacional da candidatura de António Costa ao terceiro mandato de secretário-geral do PS. Em entrevista ao jornal i, Arons de Carvalho defende que o PS, ao contrário do que considerou a eurodeputada Ana Gomes, não deve aproveitar os casos de José Sócrates e do ex-ministro Manuel Pinho para refletir “como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos”. Antes pelo contrário: “O PS deve aguardar serenamente aquilo que a justiça vai dizer”, diz, evitando pronunciar-se sobre os casos, quer seja a favor ou contra. Ainda assim, deixa escapar uma consideração sobre o caso Sócrates: “Não acho que seja reprovável uma pessoa viver com dinheiro emprestado de outra. Não é por isso que as coisas estão erradas, mas penso que as pessoas só se deviam pronunciar quando os casos estivessem julgados”.
Ao jornal i, Arons de Carvalho critica a eurodeputada Ana Gomes por se ter “antecipado” à justiça, e feito “justiça pela própria palavra”, ao dizer que o PS devia aproveitar a oportunidade dos julgamentos de Pinho e Sócrates para “escalpelizar como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos”. “A posição da Ana Gomes é um erro colossal”, afirma.
“Quer o Manuel Pinho, quer o José Sócrates, não foram ainda condenados. Temos de esperar sem intervir e sem comentar”, diz ainda, elogiando a postura que tem sido adotada por António Costa na gestão deste dossiê. “Se o António Costa acompanhasse as críticas ou acompanhasse a defesa estaria a interferir na justiça. A atitude mais sensata é deixar a justiça funcionar”, diz.
Questionado sobre a criação da “geringonça”, Arons de Carvalho admite que “nunca acreditou” que a atual solução governativa “fosse viável”.
“Na altura vi as diligências com o PCP e o Bloco de Esquerda com grande ceticismo. Não que eu fosse contra a opção política que estava a ser feita, mas pensei que ela não tinha futuro. Achei que o PCP e o BE iriam puxar o tapete ao PS”, diz.
Para o fundador do PS, o partido de António Costa terá a “tentação” de ter maioria absoluta nas próximas eleições e, se assim for, a geringonça não se repetirá. “Não acho que seja provável [a maioria absoluta], mas acho que é possível. Tudo depende do contexto económico, mas ainda falta muito para as eleições”, afirma. Mas uma coisa é certa: “Se o PS tiver maioria absoluta já não será uma geringonça”.