Ainda antes deste Estoril Open, o nome de Stefanos Tsitsipas começou a ganhar um destaque próprio de quem, a médio prazo, estará a lutar por outros objetivos no circuito mundial de ténis: além de ter chegado ao 44.º lugar do ranking (o melhor de sempre de um jogador grego da Era Open), o grego atingiu a primeira final no ATP (em Barcelona, frente a Rafa Nadal) e viu o seu nome surgir numa série de publicações com uma história cativante: filho do helénico Apostolos Tsitsipas, treinador de ténis, e da russa Yuliya Salnikova-Tsitsipas, antiga jogadora e atual técnica, e neto do antigo futebolista e medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Sergei Salnikov (fez carreira no Dínamo e no Spartak Moscovo, equipa que também treinou), começou a jogar num resort com apenas três anos orientado pelos pais antes de rumar à escola de Patrick Mouratoglou, técnico de Serena Williams, sem qualquer apoio do país (algo que ainda se mantém) por causa dos cortes após a grave crise económica. Um trajeto a continuar a seguir, mas não neste torneio: João Sousa foi mais forte e apurou-se para o encontro decisivo.

João Sousa assume “orgulho enorme” pela final “em casa”

O encontro começou com os dois jogadores a vencerem os respetivos jogos de forma imponente e com o primeiro serviço a fazer (e muito) a diferença. Ao sétimo encontro, depois de um jogo de serviço onde fez o 3-3 com um fantástico amorti, João Sousa conseguiu finalmente o primeiro break do encontro e chegou mesmo a ter outro ponto de break que seria também set point, neste caso com Tsitsipas a conseguir salvar o seu jogo de serviço. Mas o melhor estava guardado para o fim do primeiro set: com desvantagens de 0-30 e 15-40, o vimaranense conseguiu salvar dois breaks (o último numa grande bola quando o grego já tinha subido à rede para tentar fazer o smash) e fechou mesmo o jogo nas vantagens, ganhando por 6-4.

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Depois, o eclipse: à semelhança do que tinha acontecido na véspera frente a Kyle Edmund, 23.º do mundo e terceiro cabeça de série no Estoril, João Sousa teve uma série de erros não forçados no segundo set, sofrendo breaks nos dois primeiros encontros de serviço e perdendo por claros 6-1 frente a um Tsitsipas em claro crescendo e a dominar por completo a partida.

O terceiro e decisivo set recuperou o equilíbrio do primeiro. Ou até um pouco mais: os dois jogadores foram forçando erros ao adversário nos seus serviços e ganhando os respetivos jogos (o português chegou a ter um prometedor 0-30 no oitavo mas permitiu a recuperação do grego) até ao 6-6 e respetivo tie break, onde João Sousa foi mais forte (7-4) após mais de duas horas de jogo e fez história, ao tornar-se no segundo português a chegar à final do Estoril Open depois de Frederico Gil, em 2010. Mas o dia não ficará por aqui, porque o português vai ainda fazer outra meia-final, neste caso de pares.

É uma semana de sonho. Sempre disse que era o ano em que vinha melhor preparado e estou a conseguir jogar um bom ténis. Têm sido batalhas, sempre com um apoio fantástico deste público que me tem ajudado muito. Vencer Tsitsipas, que é um excelente jogador, dá-me muita confiança. Final? Gostaria de jogar com o Pablo, que é um amigo fora de campo e tem feito excelentes carreiras aqui no Estoril Open”, destacou João Sousa na flash interview à TVI 24.

O outro finalista sairá do duelo entre o americano Frances Tiafoe e o espanhol Pablo Carreno, vencedor da edição do ano passado que já tinha estado na final em 2016, perdendo com o compatriota Nicolás Almagro, naquela que será a décima final no circuito ATP, quinta em terra batida onde nunca conseguiu vencer (ganhou em Kuala Lumpur, em 2013, e Valência, em 2015, ambos em piso rápido, perdendo na terra batida de Bastad, Genebra, Umag e Kitzbühel).

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