O presidente e líder parlamentar do PS admite que com o adensar da situação, com o caso Manuel Pinho, “impunha-se da parte do PS aclarar posições”. É assim que Carlos César explica a mudança de estratégia do PS, na última semana, sobre os casos judiciais em que estão envolvidos ex-governantes do partido, à cabeça o ex-líder José Sócrates. “Era o que precisava de ser feito”, diz sobre a sua declaração que levou à saída de Sócrates do PS. Fernando Medina acredita que situação “acabou como teria de ter acabado”.

No frente-a-frente com Santana Lopes, na SIC-Notícias, Carlos César não é claro sobre a existência de uma estratégia da cúpula do partido para mudar a posição sobre Sócrates: “Não interrompo um debate para perguntar ao secretário-geral o que vou dizer a seguir”. Questionado diretamente sobre a existência de uma concertação, César nunca responde, afirmando apenas que não fez “declarações levianas. Pensei o que estava a dizer”. “Era o que precisava de ser feito e as outras pessoas [dirigentes do PS] tiveram o mesmo entendimento”, argumentou.

Ainda assim, quando questionado sobre a surpresa de António Costa perante as suas declarações, o líder parlamentar do PS dá a entender que não terá sido bem assim: “Tanto quanto sei, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS não disse ao Expresso o que ele disse que ele disse”. Já na TVI24, à mesma hora, Fernando Medina, rejeitava qualquer concertação. “Não houve concertação sobre matéria alguma”.

Memso assim, o socialista admitiu que “a situação acabou como teria de ter acabado. Havia visões diferentes. Agora Sócrates fica livre para fazer a sua defesa” e que existiam “visões diferentes sobre o posicionamento” do PS na questão de Sócrates. O ex-primeiro-ministro “entendia que o processo tinha uma natureza iminentemente política. O PS disse desde início que este é um processo judicial”.

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Medina foi um dos dirigentes do PS que fez declarações sobre os casos de justiça, sendo o mais relevante o de Carlos César que foi o primeiro a falar no sentimento de “vergonha”, na semana passada, desencadeando uma sucessão de declarações de dirigentes socialistas que culminaram na saída de Sócrates de militante socialista. O autarca diz, no entanto, que apesar de “surpreso” pela saída de Sócrates, “depois de passados os dias e de refletir e ver as razões da saída”, acabou por vê-la “com mais naturalidade porque a verdade é que José Sócrates equacionou bem a questão. Havia um desconforto”, admitiu Medina.

O PS está a responder a uma perceção que adquirimos face ao adensamento de uma situação que por via das acusações a Manuel Pinho se tornou muito evidente na sociedade portuguesa”, disse César

Já quanto a Carlos César, o líder parlamentar explicou na SIC-Notícias que a mudança de posição do PS aconteceu porque “com o ministro Manuel Pinho ocorreu um adensamento das circunstâncias que penalizam a confiança na política e dos representados nos representantes e impunha-se da parte do PS aclarar o posicionamento sobre estas matérias”. E o partido fez isso, segundo sublinhou o seu presidente, “através dos principais dirigentes”.