O primeiro-ministro participou numa ação de fogo controlado que vai criar uma faixa de proteção na envolvente da aldeia de Medeiros, em Montalegre. Em declarações aos jornalistas no local, António Costa disse que “o país este ano mobilizou-se de forma notável” na limpeza dos terrenos e matas. “Eu nunca tinha visto um esforço como o que foi feito”, sublinhou o primeiro-ministro, que recorreu ainda a uma metáfora futebolística para explicar que o “o esforço maior tem de ser cada vez mais centrado na prevenção do que no combate”.

“O combate é mesmo o guarda-redes já no momento do penálti. Agora, todo o esforço que tem de ser feito é ao longo de todo o Verão, de forma a que a bola não chegue ao guarda-redes nem que haja penáltis”, disse. “Para que isso aconteça, este esforço de limpeza é um esforço imenso.”

“É o mínimo que se exige de todos nós depois da tragédia que vivemos no verão passado”, afirmou este sábado à margem de uma ação integrada no programa de defesa da floresta contra incêndios.

Fact check. O que o Governo já garantiu (e o que ainda falta) para a época de incêndios?

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Nesta visita ao concelho de Montalegre, no distrito de Vila Real, António Costa fez-se acompanhar pelos ministros do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e da Agricultura, Capoulas Santos. O primeiro-ministro visitou uma área onde decorrem trabalhos apoiados pelo Fundo Florestal Permanente (execução de fogo controlado em rede primária).

Ainda antes da visita do primeiro-ministro, o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, explicou à agência Lusa que ia ser realizada uma ação de fogo controlado que visava a criação de uma área de proteção junto à aldeia de Medeiros, de modo a travar a propagação dos incêndios.

Em todo o concelho, o município de Montalegre candidatou um total de 2 mil hectares ao Plano Nacional de Fogo Controlado, que quer ver executados até ao verão, e apresentou também candidatura à criação de três rebanhos de cabras sapadoras.

Em abril, o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, disse que a primeira fase do Plano Nacional de Fogo Controlado registou 24 candidaturas com um total de 6.500 hectares, assinalando que “é a primeira vez que o país” tem um plano nacional deste género.

António Costa assistiu ainda à assinatura dos termos de aceitação de 13 brigadas de sapadores florestais (correspondentes a 39 equipas de sapadores florestais), bem como à assinatura dos termos de aceitação dos apoios à criação de faixas de interrupção de combustível (FIC) em áreas prioritárias, um programa dirigido a proprietários privados.

Após os incêndios que assolaram o Gerês em 2016, foi criado um plano piloto que está a ser replicado, com as devidas adaptações, em duas áreas protegidas atingidas por fogos em 2017, o Parque Natural do Douro Internacional e o Monumento Natural das Portas de Ródão.

O Governo decidiu ainda levar a efeito uma intervenção de caráter preventivo em três outras áreas que incluem os Parques Naturais do Tejo Internacional e de Montesinho e a Reserva Natural da Serra da Malcata.

Com a aprovação destes projetos, pretende-se promover a prevenção estrutural contra incêndios e restaurar áreas florestais relevantes para a conservação da natureza que foram percorridas por incêndios em 2017 e mobilizar equipamentos e meios para a execução das ações no domínio da prevenção, da vigilância e da recuperação de habitats.

A estimativa orçamental para a concretização destes projetos é de quatro milhões de euros, a aplicar até 2020.