O sorteio da Liga Europeia de hóquei em patins, logo na fase de grupos, colocou um cenário “atípico” para as equipas nacionais, que poderiam andar a cruzar entre si até à final da competição onde chegaria apenas uma. E foi mesmo isso que aconteceu: FC Porto e Sporting venceram os respetivos grupos, Benfica e Oliveirense qualificaram-se em segundo, os dragões eliminaram as águias nos quartos, os leões bateram o conjunto de Oliveira de Azeméis. Na meia-final, novo duelo português.

FC Porto arrasa Benfica em dez minutos e está na Final Four da Liga Europeia de hóquei em patins

Falando com as pessoas da modalidade, e tendo em conta o equilíbrio nos confrontos que se tinham realizado entre os dois conjuntos até agora (2-1 para os azuis e brancos no Campeonato, 5-5 com triunfo para os dragões nas grandes penalidades na Taça de Portugal), percebia-se que havia um aspeto que, não sendo determinante, poderia contar muito: o factor casa. E, nesse capítulo, o FC Porto foi mais forte, ganhando a organização da Final Four à frente do Sporting. Não terá sido por aí que os portistas garantiram a passagem ao jogo decisivo após o triunfo por 5-2, até porque havia muitos adeptos verde e brancos nas bancadas do Dragão Caixa (incluindo o presidente, Bruno de Carvalho) mas teve a sua influência. De resto, houve dois momentos determinantes: a entrada mais forte dos “visitados” e a ponta final mais forte a arrumar a questão.

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Sporting vence Oliveirense, defronta FC Porto e quer receber Final Four da Liga Europeia

À semelhança do que aconteceu por exemplo na segunda mão dos quartos de final, frente ao Benfica, o FC Porto teve uma entrada fortíssima na pista, tentando chegar cedo à vantagem. E conseguiu mesmo: após uma primeira ameaça de Reinaldo Garcia (que soma três Ligas Europeias pelo Barcelona e outras tantas finais perdidas ao serviço dos dragões), Hélder Nunes inaugurou o marcador aos 8′ com um remate de meia distância. Logo no minuto seguinte, o capitão azul e branco aproveitou mais uma transição bem gizada para aumentar para 2-0, obrigando Paulo Freitas a pedir desconto de tempo.

Os primeiros dez minutos cruzaram no Dragão Caixa o melhor do FC Porto (grande capacidade de saída em transições rápidas e criação de espaço para rematar) com o pior do Sporting, melhor defesa e terceiro melhor ataque do Campeonato (média de cinco golos apontados e 1,5 consentidos por jogo) que além de revelar uma anormal permeabilidade mostrava também pouca capacidade ofensiva. Ainda assim, a paragem alterou pouco na partida e Gonçalo Alves, de penálti, apontou o 3-0 (12′).

Hélder Nunes, na sequência de um livre direto por cartão azul a João Pinto, ainda desperdiçou a hipótese de dilatar a vantagem (na bola parada e no power play) e, aos poucos, os leões foram conseguindo soltar-se das amarras de um início apagado: já depois de Ferrant Font ter falhado um livre direto após décima falta dos azuis e brancos, Toni Pérez, na área, reduziu para 3-1 (22′). Mesmo em cima do intervalo, Hélder Nunes voltou a desperdiçar um livre direto e as equipas saíram para o descanso com números mais equilibrados em termos estatísticos (19-16 remates, com mais um na área para os leões).

No segundo tempo, o FC Porto voltou a entrar mais forte mas o Sporting foi tentando subir linhas de pressão e, a meio da etapa complementar, devia a si mesmo a desvantagem de dois golos no marcador: João Pinto acertou no poste; Caio, num livre direto (15.ª falta dos dragões), não conseguiu sequer fazer o remate após lance trabalhado; e Pedro Gil voltou a atirar ao ferro. Pelo meio, houve também um remate fortíssimo de Reinaldo Garcia ao poste e grandes intervenções dos dois guarda-redes, em especial de Carles Grau que, nas alturas chave da partida, foi mantendo os dragões por cima.

Quando Hélder Nunes, a dez minutos do final, desperdiçou mais um livre direto pela 15.ª falta dos leões, o encontro partiu de vez e Grau voltou a negar o golo no mesmo lance a três tempos, após remate de Pedro Gil e recargas de Vítor Hugo e Ferrant Font. No entanto, essa tentação ofensiva dos verde e brancos acabou por desequilibrar a equipa no plano defensivo e, em pouco mais de um minuto, o jogo ficou decidido: Ton Baliu fez o 4-1 num contra-ataque (20′) e Rafa aumentou para 5-1 de livre direto, após cartão azul a Ferrant Font (20′). O máximo que o Sporting conseguiu fazer foi reduzir o marcador, com Toni Pérez a encostar na área após bom trabalho de Pedro Gil (22′). No entanto, a história de um jogo com um número atípico de faltas (39) estava fechada, de tal forma que a bancada dos Super Dragões começou a ficar mais vazia, com muitos desses adeptos a saírem mais cedo provavelmente para iniciarem a viagem até Guimarães, onde o futebol vai fechar a Liga.

Desta forma, o FC Porto conseguiu qualificar-se pela 13.ª vez para a final da Liga Europeia, com um histórico amplamente negativo: apenas duas vitórias (5-3 e 7-5 com o Novara em 1986; 6-0 e 5-2 frente ao Noia em 1990) e dez derrotas, uma delas no Dragão Caixa, que volta a receber este domingo a final (12h30), no prolongamento frente ao Benfica, em 2013. Na outra meia-final, o Barcelona venceu esta tarde o Reus por 4-2 e garantiu o outro lugar na final, com golos de Bargalló, Xavi Barroso, Lucas Ordoñez e Pablo Alvarez todos na primeira parte (Raul Marín bisou para o Reus).

“Está cumprido o primeiro objetivo e agora vamos descansar mentalmente até acabar a outra meia-final, depois começamos a trabalhar outra vez. O Sporting dificultou muito a tarefa, podíamos jogar melhor em alguns momentos, mas ficámos contentes com o jogo que fizemos e por estarmos na final. O 3-0 baralhou-nos um pouco, entre o continuar a ir para a baliza e o segurar o resultado, mas na segunda parte voltámos a entrar bem e fomos a equipa que conhecemos”, comentou no final do encontro Guillem Cabestany, técnico dos azuis e brancos, na flash interview ao Porto Canal.

“Faltou-nos mais eficácia ofensiva, foi isso, tivemos mais oportunidades. O nosso hóquei é diferente do hóquei do FC Porto, não apostamos tanto na meia distância, mas tivemos quatro ou cinco bolas nos ferros e neste tipo de jogos isso paga-se caro. Hoje não foi possível ganhar porque o FC Porto também é uma equipa forte. Queria ainda dar os parabéns aos árbitros portugueses: não gostei nada da arbitragem de hoje, com critérios muito desiguais”, referiu Paulo Freitas, técnico dos leões, visando a atuação da dupla espanhola Óscar Valverde e Alberto López.