Há duas imagens fortíssimas de Jorge Jesus este domingo: a primeira, na Tribuna de Honra no Jamor, quando mereceu uma atenção especial do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de se apresentar de rosto fechado e lágrimas nos olhos; a segunda, na unidade hoteleira em Cascais onde a equipa se concentrou esta manhã antes de rumar para o Estádio Nacional, quando o autocarro chegou e o treinador cumprimentou de forma individual todos os jogadores. Se antes de tudo o que se passou terça-feira, na Academia, este poderia ser o último jogo do técnico no clube, agora parece ser uma certeza.
Bruno de Carvalho nega suspensão de Jorge Jesus mas treinador está de saída do Sporting
Ainda antes da invasão de 50 indivíduos com agressões a jogadores, treinadores e staff, Jesus já tinha percebido que tinha chegado a um “fim de linha” em Alvalade (e a expressão está entre aspas porque chegou a ser utilizada na reunião que teve na SAD com Bruno de Carvalho), havendo apenas a dúvida se teria uma saída a bem (de mútuo acordo) ou a mal, com a ameaça de um processo disciplinar que foi avançada pelo presidente verde e branco. Agora, esse cenário adensou-se.
Jorge Jesus recuperou o seu habitual estilo enérgico no banco na parte do final do encontro, quando o Sporting procurava ainda o golo que levaria a final da Taça de Portugal para prolongamento. No entanto, ao longo da partida, foi um treinador um pouco menos interventivo do que é habitual e com conversas menos excessivas com os jogadores. Percebe-se porquê: o timoneiro verde e branco percebeu que o sucesso ou insucesso frente ao Desp. Aves estaria ligado à disponibilidade anímica e emocional de elementos que tão cedo não esquecerão um verdadeiro filme de terror que tiveram de viver durante a semana.
No final, o Sporting perdeu mesmo. E este encontro, apenas mais um para alguém que falhou apenas por uma vez a festa do Jamor entre adepto de bancada ou treinador no banco, tornou-se o mais amargo de sempre na prova rainha. Até porque, em termos sentimentais, esta foi a primeira presença no jogo decisivo como técnico desde o desaparecimento do pai, Virgolino de Jesus, também ele um antigo jogador dos leões que teve como companheiros os Cinco Violinos.
A imagem da sentida despedida de Jorge Jesus dos jogadores acabou por selar aquilo que parece ser um inevitável fim de era, a não ser que algo mude no Sporting. No entanto, tudo aponta para que tenha sido mesmo um “fim de linha”, algo que não foi possível confirmar com o próprio porque, na sala de imprensa do Jamor, teve apenas uma declaração antes de sair.
“A forma como este estádio estava pintado de verde foi um exemplo e a forma como acarinharam os jogadores durante o jogo. Foi uma semana muito complicada, parecia um filme de terror. Quero agradecer aos meus jogadores por ainda terem capacidade emocional para vir ao jogo. O exemplo do BasDost aos 79′ mostrou isso mesmo: a parte técnica e tática não conta, o que conta é a parte emocional. Isso é que fez com que o Sporting não jogasse o que consegue fazer. Parabéns ao Desp. Aves que não tem nada a ver com isso”, referiu o treinador leonino.
Sporting perdeu a final da Taça de Portugal pela 12.ª vez, em 28 presenças no jogo decisivo
➡Jorge Jesus perdeu a final da Taça de Portugal pela 3.ª vez, em 4 presenças pic.twitter.com/FPlQbQjDLD
— Playmaker (@playmaker_PT) May 20, 2018